27.7.04

Colcha de Retalhos
 
Todo o amor que houver nessa vida
(Cazuza/Frejat)


Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia


Meu amor tem gosto de bala de hortelã. Meu príncipe é velho o suficiente para ser criança, mas sabe chamar o ônibus, o garçom e pedir a conta do restaurante. Ele é criança bastante pra me olhar nos olhos quando eu choro, para não ter medo. Ele chega em um lugar e logo já vai fazendo amizade com todo mundo, do porteiro ao garçom, do cachorro ao papagaio...

Meu príncipe não tem um cavalo branco, mas ele corre comigo na chuva pra pegar o ônibus, vem me buscar em casa e abre a porta do carro, só pra fazer graça. Ele me trás flores, mesmo não entendendo o porquê, apenas para ver meu sorriso, apenas pra me deixar feliz.

Ele dança, ele canta, ele toca o violão pra mim. Me escreve poemas e músicas, diz que me ama, me fala que eu sou perfeita, pra ele. Ele me olha com orgulho e admiração, me pede em casamento todo dia. Ele é alto.

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno anti-monotonia


Ele tem olhos verdes, mesmo que sejam castanhos. Meu corpo se ajusta perfeitamente no dele, durmo tranqüila em seu ombro, confortável. Meu príncipe é macio, e as vezes ele até dorme com o copo na mão e derruba tudo, só pq não queria me acordar. Ele nunca me sufoca. Este homem tem seu espaço, gosta de estar só, e entende que eu também gosto. Mesmo que apenas estarmos juntos seja bom, eu lendo, ele trabalhando, eu trabalhando ele vendo tv, apenas essa proximidade silenciosa já é reconfortante. Conversamos sobre como foram nossos dias.

Ele gosta de gatos, faz guerra de almofadas comigo, fica bêbado e sóbrio ao meu lado. Ele sorri, e é adoravelmente mal-humorado. Ele faz manha quando se machuca, parece uma criança, mas me mima quando eu estou doente. Eu sei que eu posso contar com ele, e ele sabe que pode contar comigo.

E se eu achar a sua fonte escondida
Te alcanço em cheio o mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão, e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria


Ele é meio doido, amalucado. A gente cozinha e lava os pratos juntos. Meu príncipe sabe que eu sou doida, ele nem sempre entende as minhas loucuras, mas sabe que tudo que ele pode fazer e que eu preciso é que ele me dê um pouco de colo, me deixe chorar no seu ombro e me abrace bem forte. Ele adora que eu faça massagem em seus pés, dorme tranqüilo no meu colo. Tem cabelos macios que é pra eu ficar horas fazendo cafuné.

Ele sabe que quando eu viro de costas pra ele, é pra que ele me abrace, me proteja. Eu me escondo nos seus braços quando tenho medo, e ele se aninha nos meus quando está triste. Eu admiro a sua inteligência, a sua simplicidade, o seu bom humor, ele é especial, pra mim. Meu príncipe precisa de mim, tanto quanto eu preciso dele. Adoro quando ele é bobo.

Ele é cheiroso, um tantinho tarado, a gente se enrosca e se completa, ele me carrega no colo. Quero brigar e fazer as pazes com ele. Meu príncipe sabe que eu adoro o vento, o mar, a chuva. Sabe que eu tenho medo de trovão e das ondas fortes, ele sabe que eu adoro filmes de terror ruins e detesto acordar cedo.

Meus dedinhos e os dele se conhecem.

O Sorriso do Gato de Alice



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