Quando se fala de literatura, a Academia sempre chega depois, pois isso faz parte de sua natureza. Não são clínicos, são legistas. Como em qualquer outra coisa, e às vezes é preciso chamar a atenção para o óbvio, isso traz vantagens e desvantagens.
Não me parece adequado equiparar transgressão à ditadura dos sentidos e do imediato. Isso seria trocar uma tirania por outra. Prefiro pensar em nem tanto, nem tão pouco. Saber o que se está fazendo me parece essencial: sem o excesso anal-retentivo de controle que engessa a criatividade, nem a falta absoluta de controle que engendra o niilismo. Acredito que a chave do humano na literatura está no equilíbrio entre a assepsia do objetivo e o lodaçal do subjetivo, que implica em saber quando e o quê transgredir.
Não abraçar o cânone por completo, o que seria pura submissão, nem rejeitá-lo completamente, o que seria infantil. Conhecê-lo, antes de tudo. Tirar dele o que tem de melhor, rejeitar o que não mais é adequado, e seguir em frente. Ninguém escreve sozinho.
PERHAPPINESS
23.9.04
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