no sábado frio
Não havia beijos entre eles, o que chamava menos atenção. Perto de Henrique, Bruna era pequena e se estendia braços e pernas ao se jogar contra ele no fundo do vagão do metrô. Henrique levantou a mulher pelos braços três vezes. E se divertia em apertá-la contra si e sentir o corpo da mulher. E Bruna tentou empurrá-lo ainda na plataforma, mas não conseguia ficar séria e perdia as forças. Nos braços dele, a mulher esquecia do mundo, e tomou consciência de que estava com os olhos fechados e sorria. E gargalhava. Fileira de dentes brancos que ela raramente mostrava. Henrique a empurrou para fora do vagão e colou a testa contra a porta, despedindo-se em silêncio.
Bruna mudara de expressão quando subiu à superfície. O garoto no lugar do segurança abriu o portão do colégio e não teve como não perguntar se ela e as irmãs aprenderam a ficar emburrada com a mãe.
- Minha mãe não fica brava. Ela toma remédio.
- Você não sabe, sua mãe fica brava muitas vezes ao dia, você apenas não sabe. A brincadeira era que você deve ser irmã das duas outras que passaram correndo aqui. Todas com a mesma cara.
- Minha mãe escolheu um dia ruim para abrir a exposição.
- Estão todos lá ainda.
- Então tem comida.
Bruna se afastou. E o garoto estava certo, quando se perdia em pensamentos Bruna podia ficar com a cara de fome da Renata ou a cara emburrada de Helena.
O mundo tomado pelos rinocerontes
13.10.04
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