Quadros de família
As quatro mãos na mesma toalha branca (duas dentro, duas fora) e o banheiro cor-de-rosa todo embaçado: mãe e filha dividindo asseio, afeto e algo como quinze minutos de uma manhã passada.
Órgão, acordeon e dois violões para o par de mãos enrugadas por experientes; uma doce flauta doce que parece grande para o par de mãozinhas leves por inexperientes: a raiz atávica da música apresentada à neta pelo rosto plácido do avô.
Estetoscópio, roupa branca, plantão interminável e a doída ilusão do ouvido: os sapatos pisando o assoalho em meio à madrugada e a filha que chama “pai!, pai!” (mas era a irmã em seu primeiro par de saltos altos).
Se eu soubesse, pintaria minhas lembranças em aquarela.
Da Estrangeiridade
13.9.04
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