14.9.04

Sexo impessoal em locais públicos

Alguns minutos depois das cinco horas da tarde de um dia de semana, quatro homens entram em um banheiro público, no Parque da Cidade... O que levou esses homens a largar a companhia de tantos outros que a essa hora se dirigem para casa ao longo das estradas? Que interesse comum traz esses homens, com experiências de vida tão diferentes, a essa instalação pública?

Eles não vieram pelas razões óbvias, mas sim em busca de sexo imediato. Muitos homens - casados ou solteiros, que se identificam como heterossexuais ou que apresentam uma auto-imagem homossexual - procuram pelo sexo impessoal e sem envolvimento que proporciona excitação sem compromisso. (...) O fenômeno do sexo impessoal permanece como uma forma comum, mas raramente estudada de interação humana.


É claro que um sociólogo maluco não deixaria um assunto como esse de lado. E o maluco se chamava Laud Humphreys (1930 - 1988). Autor de "Tearoom Trade: Impersonal Sex in Public Places", publicado em 1970. De onde saiu o trecho transcrito acima.

Esse estudo, além do interesse natural por um assunto pouco conhecido, guarda um aspecto muito curioso. Como seria possível fazer uma pesquisa cujo campo é constituído por banheiros públicos onde vários homens têm encontros sexuais rápidos e anônimos? Se o pesquisador não pretende fazer parte das interações que se desenrolam nesses ambientes, a resposta é bastante difícil. E era exatamente esta a situação de Humphreys.

Uma das alternativas seria entrar no banheiro como se fosse fazer uso convencional das instalações. O problema, nesse caso, é que o tempo do uso normal seria muito curto para fazer as observações necessárias. Se as visitas se multiplicassem, acabariam provocando suspeitas sobre as intenções do pesquisador, que poderia ser confundido com um policial. Outra alternativa seria simular a espera por alguém que ainda não havia chegado ou pela oportunidade de participar da "ação". Mas, à medida que a espera se prolongasse, o pesquisador acabaria sendo convidado por alguém a interagir. A observação teria que ser interrompida. Uma terceira opção seria assumir o papel de masturbador, pois entre os freqüentadores havia aqueles que se satisfaziam dessa maneira enquanto observavam as atividades dos outros. Humphreys não se interessou.

Após algumas tentativas, o pesquisador encontrou a maneira ideal para passar mais tempo dentro dos banheiros sem ser incomodado. Descobriu que (...)

O resto em observador sociológico

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