Esqueci de contar do espermograma. Cinco dias de seca pra fazer o exame. E não se pode levar o material de casa, tem que punhetar no laboratório. Cheguei lá, um cara de branco me deu o potinho de plástico e indicou um cubículo abafado e asséptico. "Se precisar de uma revistinha, tem ali. Trave a porta". Calor, tirei quase toda a roupa, sentei numa cadeira, apoiei o pé na pia. A revista era uma Sexy de dois anos atrás. Mais manuseada que nota de um real. Apelei para a imaginação. Não imaginei nada. Percorri a memória. Não lembrei nada. Comecei a suar entre as paredes de laminado branco do cubículo. A Sexy tinha uma ex-assistente de palco do programa Raul Gil. Xoxota escurona, pentelhos aparados estilo moicano. Parecia um sapo morto. Eu podia ter levado os pentelhinhos da Carla, um bilhete da Fatiminha ou da Camila, talvez umas fotos da Tânia. Fechei os olhos e fiz um relaxamento pra esquecer onde estava. Daí o pinto relaxou também. Pinto é quando está flácido, pau é quando está duro, certo? Pensei em deixar o exame para outro dia, mas o que dizer ao cara de branco? "Esperma tem, mas acabou"? No sufoco vi sobre a pia um vidro de sabão líquido. E me lembrei de algumas punhetas da infância, inspiradas numa prima que dançava de shortinho ao som do California Dreamin', do Mammas and Pappas. Naquele tempo eu me escondia no banheiro e usava sabonete pra deslizar a mão. Foi a salvação. Memória de pinto não falha. Reconhecendo ao mesmo tempo o auxílio do sabonete, o rebolado da prima e a trilha sonora, meu pinto acordou e ergueu-se a meio pau. Só não foi uma ereção completa porque a imagem da gorda do Mammas and Pappas, na capa do disco, se misturava com a da minha prima. Enfim, consegui abastecer o potinho. Mas não sei o que o médico vai pensar da presença de sabão no meu esperma.
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17.12.02
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