7.2.08

Conclamo, contudo, a ciência deste mundo a encontrar uma vacina contra a "depressão pós férias"!

e, afinal, é ou não é por aqui que vai prá lá?

O que eu [não] tenho em comum com Arnaldo Jabor, Luis Fernando Verissimo e Carlos Drummond de Andrade

É que, assim como eles, eu também sou vítima de textos apócrifos creditados a mim. Sim, sim, vejam a minha importância.

Um amigo outro dia me perguntou se escrevi um poema chamado "Jesus pintou com a mão". Uéu, não sou muito dado a poemas desde a adolescência, quando, aliás, a temática religiosa não era muito recorrente.

Fiquei todo pimpão (como esse mesmo amigo costuma dizer). Estão creditando a mim textos alheios pra eles terem mais visibilidade, serem mais lidos, serem emoldurados com anjinhos e florzinhas e distribuídos por aí em apresentações de powerpoint.Uau, é quase uma realização artística.

Aí ele me mandou o arquivo, em mp3. Trata-se de um poema do tipo seresteiro, com uma viola tocando ao fundo e declamado cheio de emoção parnasiana.

Enfim, nada de atribuição indevida a mim. Deve ser só um caso de homonímia. Afinal de contas, se existe um Marco Brasil narrador de rodeio, bem pode ter um seresteiro também, uai.

é por aqui que vai prá lá?

Careca, enfim

Na manhã de uma quarta-feira, exatos quinze dias após a quimio, eu descobri que não gastaria dinheiro com cabeleireiro por algum tempo. Durante o banho matinal, no banheiro do hospital, passei as mãos na cabeça e uns vinte fios vieram enroscados nos dedos. “Ô ôu”. Levei as mãos mais uma vez à cabeça e outra porção veio junto. Fechei os olhos e busquei um restinho de pensamento positivo que pudesse estar guardado em algum canto da mente. Não encontrei. Terminei o banho o mais rápido que pude e voltei para a cama. Quando o enfermeiro entrou, um rapaz com menos de trinta anos, contei que estava me despedindo dos meus cabelos. “Pelo menos os seus vão voltar a crescer. E os meus, heim?” respondeu, mostrando sua careca em estágio avançado. E agora, Daniela? Engoli meu beicinho e desfiz a cara de coitada.

O que o enfermeiro não sabia era que aquele comentário foi o equivalente a quatro sessões de terapia condensadas em cinco segundos. Talvez eu supervalorize um pouquinho os meus problemas - ok, ok, eu SEI que supervalorizo na maioria das vezes - mas também sei reconhecer o drama alheio. E o problema capilar dele era, definitivamente, mais sério que o meu. Além disso, a queda dos cabelos era o primeiro efeito colateral da quimioterapia que não vinha acompanhado de dor, enjôo, febre ou qualquer outro desconforto físico. O único inconveniente era a minha repulsa a cabelos que se soltam da cabeça. Era fio de cabelo nos ombros, nos braços, na cama, no travesseiro, no chão… um pesadelo. Para resolver esse problema, com o namorido a mais de 400 quilômetros de distância, liguei para o meu amigo gay. “O que você vai fazer hoje à noite?”. “Tenho aula. Por quê?”. “Duvido você vir passar a máquina no meu cabelo”. Marco Aurélio não só topou faltar à aula na faculdade como ainda atravessaria a cidade duas vezes para ir em casa buscar sua máquina de cortar cabelo. Mas todos temos nossos carmas e não há nada que se possa fazer a respeito, certo?

Até a chegada do meu cabeleireiro particular, eu ainda teria que esperar pelo menos dez horas. Para me poupar do sofrimento de passar o dia recolhendo longos fios de cabelos soltos pelo corpo - ou para se distrair, não importa - minha mãe resolveu cortar meus cabelos bem curtinhos. “Essa tesourinha de costura vai resolver, Dani, senta aqui”. Duas horas depois, o resultado foi um corte tão pavoroso que eu desejei que todos os fios de cabelo caíssem imediatamente. Infelizmente, o jeito era esperar.

Quando entrou no quarto, Marco parecia tenso. Provavelmente apreensivo pelo que estava por vir, esperando uma cena típica de novela das oito, com muito choro e música do Kenny G ao fundo. A minha ansiedade era tamanha que mal o cumprimentei. “Vamos consertar logo essa tragédia que a minha mãe fez, por favor”. Assim que pegou a tesoura, Marco Aurélio foi tomado pelo espírito de algum cabeleireiro gay que vagava pelo hospital. Mostrou incrível habilidade e uma inesperada afetação na voz enquanto acertava o estrago feito pela tesourinha de costura. Depois, lamentando por ter que destruir sua obra de arte, eliminou o que restava de cabelo com a máquina. Ao olhar minha nova imagem no espelho, confesso que notei um certo charme naquele visual. Enfiei-me embaixo do chuveiro para espantar qualquer sinal de desânimo e vestígio da tosa. Sentir a água batendo diretamente no couro cabeludo é, no mínimo, diferente, assim como encostar a cabeça no travesseiro frio. Na primeira noite, em pleno inverno, eu levantei para ir ao banheiro. Sonolenta, lembrei que estava careca quando abri a porta do banheiro e senti o vento gelar minha cabeça. Uma tristeza repentina ameaçou se instalar. Afastei-a pensando no enfermeiro e sua falta de perspectiva. E, principalmente, na minha cura.

Resumindo, perder os cabelos durante um tratamento contra o câncer é como entregar a bolsa a um assaltante armado: “Toma, leva tudo mas me deixa viva”.

lições reais em enzimas virtuais

Donw again

Eu sei, eu sei que freqüentemente eu me comporto feito uma plasta covarde, que deixo oportunidades passarem por falta de empenho, que não vou atrás do que quero e/ou preciso quando deveria, que não sou “proativa” (pausa para vômitos. Meus. É que jargãozinho de auto-ajuda, seja da variante empresarial ou da esfera privada, sempre me provoca essa reação) e o mundo hoje – e sempre ? - é destes insuportáveis seres semi-robotizados, ultra-enérgicos, overachievers e saltitantes. Eu sei que é estranha essa apatia toda vinda de alguém que sempre incentiva os outros a buscarem o que querem, muitas vezes dizendo a eles a platitude – óbvia porém verdadeira, como a maioria delas – “o pior que pode acontecer é você ouvir uma recusa delicada”. Mas aí é que tá: é que pra mim, em certos momentos, o pior que pode acontecer é ouvir uma recusa delicada. Mesmo.

cyn city

Impressionante

O que mais me impressiona é que ainda tem gente que lê o que eu escrevo, ao menos aqui. Que coisa!

branco leone

2.2.08

O tempora, o mores

O tempo passa, a vida muda, a gente muda. Quase sempre para pior.

Tinha eu meus 16 anos quando assisti aquele filme "N0ve Semanas e Meia de Am0r". Achei sensualíssim0! Principalmente a cena em que os dois estão na cozinha, na frente da geladeira, se lambuzando com mel, chocolate, morangos e quetais. Muito sécsi...

Cerca de outros 16 anos se passaram e eu, já dona-de-casa-mãe-de-família-que-trabalha-fora, passava as noites em claro, embalando um bebê que não queria dormir. Certa madrugada, resolvo ligar a tv na sessão corujão e estava passando justamente esse filme, justamente nessa cena.
Meu único pensamento: "quem é que vai lavar o chão dessa cozinha no dia seguinte?"

Mesa de bar

1.2.08

Gostaria de poder incendiar - com os donos dentro, evidentemente - pet shops e clínicas veterinárias que têm nomes-trocadilho com cão, tipo: Gatos & Cãopanhia, Cão Peão, Cãopanheiro, Cãopanhia das Raçôes, Cãofusão e Cia, Amicão, Amorecão, Bem Locão, Cãopany, 18 Kilatem, Cãobuí Pet, Pousada do Cãoboy, Cãocun Pet, Pet Shop Cãomarada, Fofocão, Kãomilão, Cão de Estrelas, Cãosagrado, Cão de Mel, e por aí vai. Os nomes são reais. E quando você pensa que já viu tudo, vem esta aberração: Pronto Zoocorro. Aí já é caso de empalamento...

catarro verde