30.6.05

Grandes Vultos dos Anos 70 -06


(ganhar a guerra fria com Reagan no comando é que nem ganhar Copa do Mundo com Zagallo de técnico)


Filthy McNasty

24.6.05

sara

se sara sarar d. saramp.
sara será sereia
p.is sara nã. é feia
emb.ra nã. seja um anj.
merece um s.l. de banj.

chacalog

22.6.05

fumaça de hortelã

O homem tem um plano ambicioso: inventar um cigarro inócuo, sem tabaco, sem nicotina. "Este não mata", multiplicam outdoors; um autêntico benfeitor da humanidade, ora se não. Ainda hoje ele pode ser visto perambulando, muito compenetrado, fumando matinhos sem nome em quintais alheios. "Minhas pesquisas", é tudo o que diz quando perguntado, virando o rosto antes que se lhe notem o cansaço nas pálpebras.

1 leitor Online

...

o que passou pela cabeça do violinista
em que a morte acentuou a palidez ao
despenhar-se com sua cabeleira negra &
seu stradivarius no grande desastre
aéreo de ontem




mi
eu penso em béla bártok
eu penso em rita lee
eu penso no stradivarius
e nos vários empregos
que tive
pra chegar aqui
e agora a turbina falha
e agora a cabine se parte em duas
e agora as tralhas todas caem dos compartimentos
e eu despenco junto
lindo e pálido minha cabeleira negra
meu violino contra o peito
o sujeito ali da frente reza
eu só penso


mi
eu penso em stravinski
e nas barbas do klaus kinski
e no nariz do karabtchevsky
e num poema do joseph brodsky
que uma vez eu li
senhoras intactas, afrouxem os cintos
que o chão é lindo & já vem vindo
one
two
three

também temos café e cigarros

12.6.05

O Estraga Prazeres

- Uau! Que noite...
- Dormiu mal?
- Hum? Não... imagina. Tive um sonho erótico da melhor qualidade... E com o Casagrande... Dá pra acreditar?
- O jogador??
- É! O corintiano... Que coisa que é aquele menino. Nunca tinha reparado... Quem diria?
- Eeei, acorda! Foi um sonho. Eu estou aqui!
- Bobagem mozinho... Vai ter ciúme de sonho?
- ...
- E que sonho! E que noite! Salve o corinthians...
- É... deve ter sido uma noite e tanto mesmo. Uma noite "Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha"!
- Estraga prazeres...


Licor de Marula com Flocos de Milho Acuçarados

11.6.05

De repente

Bateu uma vontade de engasgar ao ouvir "Vento no Litoral". Uma vontade de sentir o coração disparar sem mais nem mais ante a visão de alguma garota imberbe tamaqueando pelas calçadas duma cidade litorânea. De olhar para o mundo à minha volta e morrer de insegurança pelo que ele pensava de mim. De sorrir ante a mínima expressão de espirituosidade. De apagar a luz e botar Waiting for the night, do Depeche Mode, ou Niagara, do Inspiral Carpets, no meio da noite da casa vazia. No máximo volume. Com um travesseiro na cara. De escrever e desenhar um diário. De hesitar ante a pergunta sobre o que eu seria quando crescesse. De ler Ana Karenina recostado no meu travesseiro de solteiro, torcendo pra ninguém lembrar que eu existia pelas horas seguintes. Deu, de repente, uma nostalgia.

Que passa logo, porque a vida insiste.

é por aqui que vai prá lá?

surto fashion descontrol é você, vendo que não tem uma meia que combine com a produção do dia, não pensar duas vezes antes de esgaçar a soquete rosa 27 a 32 da filha no seu pezinho 38 (torcendo para aquele "Barbie" enooorme no tornozelo ficar devidamente escondido pela barra do jeans) .

kaleidoscópio

Manhã de segunda-feira. Chuva.

Se estivéssemos em 1982, eu acordaria sem preocupações e ficaria brincando até a hora da escola. Em 1983, inventaria programas e entrevistas e passaria a manhã inteira fazendo gravações com meus irmãos no meu super-gravador-portátil. Em 1984, a manhã seria pequena para ler todos os livros que eu teria trazido da casa do meu avô no domingo.

Em 1985, perderia minutos preciosos de sono chorando na frente de um copo de nescau que eu não queria beber. Em 1986, calçaria um tênis de cor "proibida" pelas regras da escola e planejaria a estratégia para entrar sem ser vista pelo inspetor, como se esta fosse a maior transgressão do universo. Em 1987, correria para o espelho para verificar se o cabelo estava num "dia bom" e passaria lápis azul no olho, porque o ridículo não tem limite nem idade.

Em 1988, daria graças a deus por voltar a estudar à tarde, ficaria lendo, ouvindo música e a chuva seria uma desculpa para não ir ao mercadinho comprar um ingrediente de última hora pro almoço. Em 1989, inventaria histórias para não fazer aula de educação física. Em 1990, amaldiçoaria o despertador e testaria a cada dia sair de casa um minuto mais tarde e andar mais rápido.

Em 1991, teria vinte minutos entre o despertar e o início da primeira aula, e bateria todos os recordes de velocidade conhecidos. Em 1992, pensaria, "mas não levanto da cama com chuva pra ir à aula nem que me paguem". Em 1993, dormiria até a hora do almoço.

De 1994 até 1997, levantaria com cada vez mais esforço e iria me arrastando pro trabalho enquanto tentaria lembrar dos detalhes do fim-de-semana e juraria que nunca mais iria beber.

Em 1998, nem cogitaria levantar cedo pra atravessar a poça com chuva. Em 1999, pensaria se já não era hora, afinal, de comprar um guarda-chuva. Em 2000, não teria tempo de pensar em nada enquanto saía de casa correndo, acumulando trabalhos e sempre atrasada.

Em 2001, sairia para trabalhar com prazer enquanto faria contas e mais contas, descobrindo que montar uma casa não é brincadeira. Em 2002, descobriria que trabalho nem sempre é prazer. Em 2003, não precisaria acordar depois de passar a noite em claro fazendo contas e mais contas e descobrindo que manter uma casa também não é brincadeira (mas é um prazer). Em 2004, voltaria a fazer planos e acordaria com um sorriso no rosto.

Em 2005, acordaria com um telefonema do meu chefe e perguntaria porque, afinal, não podemos ficar em 1982 para sempre.


bocozices

Nomes amaldiçoados

Talvez o pior legado da música sertaneja não seja as histórias de cornos chorosos, mullets e vozes estridentes, mas algo muito pior.
Sempre que sou apresentado a alguém chamado Leandro ou Leonardo não consigo saber, cinco minutos depois, qual o nome certo dessa pessoa.

cris dias

Contei para o Pan que as mulheres que posam para a Playboy têm fitas adesivas puxando as dobrinhas a mais e computadores que apagam as celulites e as marquinhas. Para que meu filho não passe a vida inteira em busca de uma mulher perfeita.

Os diários de Marina W.

Edredon

A gente sente mais frio quando está sozinho.

Blowg

Come as you are

[generalizações mode on]

Todo argentino é arrogante. Toda mulher dirige mal. Todo homem é safado. Todo homossexual dá gritinhos. Toda menina usa rosa. Todo cearense tem cabeça chata. Todo baiano é preguiçoso. Todo gaúcho é machista. Todo paraense é ladrão. Toda maçã verde e dura é ácida. A mulher amazonense é fácil. Todo índio fala usando os verbos no infinitivo e gostar de beber cachaça de branco. Todo advogado é inescrupuloso. Toda loira é burra. Preto quando não suja na entrada, suja na saída. Chocolate dá espinha. Parnasianos são vazios. Românticos são irreais. Publicitários são o Roberto Justus. Peito duro é silicone. Macho que é macho não chora, não abraça, cospe no chão e coça o saco. Meninas educadas falam baixo, sentam de perna fechada, batem as pestanas e usam calcinha de algodão. Todo libriano é distraído. Todo morador de periferia ouve som alto na porta de casa. Um menino de 8-10 anos, de bermuda, chinelo, magrinho e moreno tem grandes possibilidades de te assaltar. É preciso "ser alguém" na vida. Todo abacaxi é amarelo e cheiroso. Toda mulher gosta de receber rosas. Franceses não tomam banho, são xenófobos porém bons de cama. Ingleses são pontuais e levemente tristes. Todo evangélico anda com a Bíblia debaixo do braço. Toda evangélica tem dois metros de cabelo. Funcionários públicos passam o dia tomando cafezinho. Mulher bonita é mulher jovem, magra, com a pele firme e o cabelo reluzente, sem um fiozinho apontando pra cima.Sobrancelhas finas e pernas depiladas. Livros bons foram escritos há, pelo menos, quarenta anos. Sexo são duas pessoas entre quatro paredes. Em silêncio, pra não incomodar os vizinhos. Blogueiros são super-cali-fragi-listic-expiali-doce.Roqueiros usam tatuagens e camisas pretas. Costumam ser satanistas e depressivos, também. Pessoas que entendem de música clássica são chatas e cansativas, além de darem sono. Professores são pessoas que não sabem fazer as coisas, portanto resolveram ensinar. Estudantes de Filosofia fumam maconha. Estudantes de Pedagogia são mulheres. Estudantes de Administração não sabiam qual curso escolher. Políticos são corruptos, e a gente escolhe o menos pior. No meu tempo é que era bom. Essa geração está perdida. As mulheres se casam sempre antes dos trinta (se não viraram freiras) e mesmo que não queiram.

[generalizações mode off]

As aventuras da menina prodígio

2.6.05

A SIMPLICIDADE

Vivemos em voz baixa, recriminando nossos atos, censurando. Quem não se flagrou falando sozinho, a praguejar uma idéia? Quem não teve a mania de se piorar, para gerar pena e complacência? Quem não se exagerou para recuperar a solidão? Apagamos a simplicidade, o sol assanhado lavando a calçada, os pássaros ajudando as árvores a tirar a camisa, os cachorros com o olhar familiar de mendigos, as pequenas delícias de fazer parte do mistério. Não podemos ter vivido tão errado, tão torto, a ponto de não deixar nada. Não acredito em páginas brancas. Alguma coisa está por baixo. Alguma coisa poderá ser lida com o relevo da claridade. Que minha mulher possa se lembrar dos momentos em que não prestava atenção à alegria para ser a alegria. Que ela possa achar graça, sem a minha ajuda, quando procuro desajeitado as contas na gaveta. Que possa se emocionar de preguiça quando levanto de noite para ver se fechei a casa. Que possa se render quando deito no chão de igual para igual com os filhos a brincar de bolinha do banheiro ao quarto. Que a rotina não seja tudo igual, e sim uma maneira silenciosa de ser diferente por dentro. Que não critique a mãe quando ela recordar da minha infância em público e acrescente um detalhe às lembranças. Que ponha semente no chão, não no lixo, a esperar que uma delas venha a me surpreender com a minha altura. Que possa tocar no assunto com volúpia. Se eu fui afetado, ambicioso e irresponsável, que a ternura me devolva o equilíbrio e peça desculpas distraído, beijando a mão do vento. Que meus amigos tenham confiança em mim e fiquem com vontade de beber mais e conviver mais quando meu nome aparecer na conversa. Que tenha sido um leitor dedicado quando amante, com os olhos fechados pela pressão dos lábios. Que algo que tenha dito de carinho venha aparecer ao lado de um palavrão. Que encontre cartas e cartões em meio aos livros e leia como se fosse a primeira vez que estou os recebendo. Que não seja tolerado, que não seja útil, que seja necessário mais do que sou. Que não volte com conversa abatida de que nada dá certo. Que seja corajoso a dizer o que pensava do que a não dizer o que pensava. Que tenha uma religião, mesmo que seja uma coleção de selos, e acredite que o mundo é um complô de Deus para me proteger. Que tenha companhia no trem, a abafar o apito da porta. Que possa viver desapegado do nome e da condição do nome, como um boi que não se envergonha da terra. Que possa aquecer a cama antes da minha mulher entrar. Que possa aquecer meu corpo antes de minha mulher entrar. Que possa aquecer o que já estava esquecido em mim.

.:. Fabricio Carpinejar .:.

1.6.05

Periclitante Périplo Paulista

Quando comentei com meu pai que estava indo me encontrar com uma mulher casada, ele disse apenas:

Mulher casada tem gosto de chumbo.

Eu iria me lembrar disso mais tarde.

(…)

Periclitante Périplo Paulista em Liberal, libertário, libertino