16.11.06

O Amor que Move Estrelas

É preciso bastante otimismo pra imaginar que só conseguiremos destruir um planeta.

Só É Morto Quem Quer

Quarenta minutos antes do Nada (Fla-Flu), já buscavam os Neanderthais a imortalidade -- mas acho que a extinção fala por si só. Felizmente, com o advento da globalização e da banda larga, hoje a imortalidade está ao alcance de todos, pode ser encontrada em qualquer banca do centrão. E dentre os métodos mais populares contamos:

- Pedra Filosofal
- Esconder a Idade
- Horcruxes
- Consultar o médico se persistirem os sintomas
- blogs

A fonte da juventude secou na crise de energia. A arte morreu com a paulicéia desvairada. E tanto o teleporte clássico quanto a clonagem de embriões de bode foram revogados pela administração Bush. Mas acho que estamos bem servidos - no sentido de que aumenta a taxa de obesidade.

Resolvido, portanto, o problema do Big Crunch, agora que alcançamos a imortalidade só nos resta uma questão: e aí, vai fazer o que com ela?

Fazer beicinho, assim como eleger políticos vagabundos, sempre traz alguma emoção, mas é muito pouco. Unir-se ao Pink e tentar dominar o mundo é uma idéia. O ócio criativo, não -- ou assim sugerem pesquisas sem valor científico. É uma situação complicada;

Mas graças a Brasil Xinique, filósofo e contraventor, talvez tenhamos a solução do problema. Num imortal, cacareja o professor, a crise de meia-idade só acontece no infinito. Então sejamos sábios e vamos deixar isso pra amanhã.

Mozart dies irae

15.11.06

Quem quer ser meu estagiário?

Não é para o Cocadaboa. É para a outra parada que eu faço.

Requisitos:

- Ser minimamente antenado para saber qual a outra parada que eu faço.
- Ter a noção de que não é para me procurar pelo email do Cocadaboa, mas pelo meu email do lugar onde trabalho. E ser safo para achar esse email. Quem me procurar pelo email do Cocadaboa será imediatamente rotulado como "não safo".
- Quero saber "o que o candidato faz de bacana", e não ler o seu currículo. E daí que você estudou em um colégio caro e fez inglês na Cultura Inglesa? Eu não. Aliás, o simples fato de você já ter um currículo pronto em Word já te desqualifica um pouco para o cargo. (…)

cocadaboa

11.11.06

Onde se ilustra a sobrevivência dos mais aptos

Eu mato as pessoas.

Mas não como todo mundo, usando as mãos, armas ou palavras.

Eu sou diferente. Eu só preciso pensar.

Esse dom surgiu aos poucos, e só me dei conta dele pela primeira vez na escola. Talvez por eu ser muito magrinho e míope, muitos garotos zoavam de mim. Até que um dia o Carlinhos não veio mais à escola. O Carlinhos era o fortão da turma e era o que mais caçoava de mim. Um dia eu tomei coragem e perguntei para a professora o que havia acontecido com o Carlinhos. Ela olhou para mim com uma cara de tonta e perguntou:

_ Que Carlinhos?

Depois de mais alguns desaparecimentos, eu comecei a perceber que as coisas estavam relacionadas. As pessoas que eu queria que desaparecessem desapareciam, e não apenas deixavam de existir: era como se nunca tivessem existido. As outras pessoas simplesmente deixavam de se lembrar delas. Só eu me lembrava delas.

No início eu achei que isso era um dom. Poder remover do meu caminho todos aqueles de quem eu não gostava, como se estala os dedos. Só que com o tempo descobri que a gente não consegue gostar o tempo todo de uma pessoa. E comecei a perceber que mesmo as pessoas de quem eu gostava a maior parte do tempo de repente sumiam, só porque um dia ou outro eu brigava com elas, e era difícil controlar os pensamentos e deixar de pensar: "suma daqui!". Como resultado, eu quase nunca tinha amigos, nem namoradas. Especialmente as namoradas desapareciam bem rápido, o que era triste, porque eu era muito magrelo e feinho e era difícil uma menina gostar de mim.

E isso acabou me deixando muito triste e deprimido. Eu já quase não saía de casa. Minha mãe percebeu isso e hoje de manhã entrou em meu quarto para uma conversa.

Ela entrou, sentou na beirada da cama, olhou bem para meu rosto e disparou:

_ Meu filho, você é gay?

Ela podia ter perguntado isso, ou se eu queria ser padre, ou se eu votava no PFL. Tanto faz. Eu só sei que fiquei com muita raiva dela por ela ter pena de mim. E ela sumiu.

***

E é por isso que eu quero mor

O Hermenauta