31.10.05

halloween e as saias

porque essa noite eu dormi apenas cinco horas, e quando fui arrumar minhas coisas pra festa de halloween de manhã, separei a meia calça roxa, a saia, o chapéu e coloquei tudo dentro da bag gigante. chegando lá, fui me trocar no banheiro, tirando a calça, o tênis, com a meia calça roxa por baixo e de repente... cadê a saia?? esqueci em casa. puts. só ia poder ficar de chapéu, não ia ter graça... fui atrás de todos os papéis que tinham e consegui fazer a minha saia roxa. ficou buniiiiita... grampeei até achar que prendia - ou seja, duas vezes. não, não prendeu o suficiente... claro que no meio do dia a minha saia estava pela metade da minha bunda e eu tive que ficar segurando e indo atrás de grampeadores pra deixá-la um pouco mais aceitavel - o que não foi o caso. ainda bem que meus alunos tem apenas 5 anos e não ligam se a teacher está ridícula com meia calça roxa, papel enrolado em volta da cintura preso por umas tirinhas pretas com laços gigantes e o quadril maior que o mundo.

OMdD

30.10.05

- Olha, nosso filho tá comendo cocô!
- Que merda!
- Que merda nada! Isso quer dizer que ele tá com curiosidade. Quer investigar, descobrir o mundo!
- Sei.
- (exultante) Nosso filho vai ser um intelectual!
- (preocupado) Pera lá. Você acha que ele vai continuar comendo merda pelo resto da vida?

FDR

26.10.05

Mirandinha

A seguir, as várias modalidades de comentarista de que ele pode se travestir para visitar os blogs que encomendarem o serviço. A entrega é feita na caixa de comments do cliente no mesmo dia. Taxa de transporte inclusa.

- Mirandinha Bate Palminha: para o blogueiro dependente de elogios rasgados e que reafirmem o quanto o blog é fundamental, essencial e primordial para seus 4 leitores. O modelo não só é o primeirão a comentar como ainda por cima abre com “Puxa, que alívio, tava preocupado achando que você não fosse mais postar!” Isso porque entre um post e outro o blogueiro só foi ali no banheiro. Já vem carregado com 36 comentários.

- Mirandinha Roda-Viva: para quem adora um debate. Basta o blogueiro postar sobre o direito de pesca na costa sul da Birmânia que o modelo já rebate com dezenas de estudos estatísitico-sismológicos-ambientais refutando o post. Aí é só ir replicando, replicando e ver o que acontece: num piscar de olhos, 127 comentários! Já vem com bateria para fazer a discussão chegar à despoluição dos lagos termais na Islândia. Depois do Protocolo de Kyoto, óbvio.

- Mirandinha Vai Você: chega chutando a canela do blogueiro. Uma versão hardcore do Mirandinha Roda-Viva, desprovido de estatísticas mas munido de um vocabulário de provocações onde “mas este teu post de hoje tá um cu” é só esquentamento. O modelo cria caso com o blogueiro, com a família do blogueiro, com aqueles parentes do blogueiro lá de Carapicuíba e, claro, com os 4 visitantes do blogueiro. Aliás, a versão 3.0 faz com que os visitantes, lá pelo 73º comentário, se virem contra o blogueiro e façam ameaças de morte – sem que ele até então tenha feito um comentário sequer.

- Mirandinha 69: nosso prato de resistência. Apesar da idéia obscena que o nome suscita, trata-se de um comentarista multifacetado: 69 diferentes personalidades, prontas a abarrotar a caixa de comentários do blogueiro – e cada comentário de um heterônimo de personalidade própria, com discurso individual. Uma espécie de Fernando Pessoa hiperüberesquizofrênico, que fará o blog parecer o maior ponto de encontro do cyberespaço. Tudo bem que nenhum dos 4 leitores do blogueiro terá ouvido falar de “Endauro Ledorréia”, “Maristélio Louzinho” ou “Maurícia Pia Fendão”. Foi o que deu para arranjar.

E, além dos modelos deste catálogo, fazemos também projetos sob medida, sem compromisso. Os modelos de Mirandinha são compatíveis com os sistemas Haloscan, Comentar, Rate Your Music, Enetation, Blogger, F&D, Yaccs e diversos outros. Por favor, ligue já.

Ao Mirante, Nelson!

25.10.05

tempos

Suas amigas criam filhos, seus amigos casam, você já pensa em trocar o “jovem e demoníaco” por incendiário totoso. Ê, chalasa.

Falar nisso, no outro dia reparei no rosto do Amaury Jr. Tá véio. Nem parece o mesmo de 20 anos atrás.

saudade do presidente Figueiredo

20.10.05

Nós dois no carro:

- Lembra que a gente sempre desce o pau nesses congressos de medicina, que fazem logomarcas com partes do corpo bem realistas, sistemas digestivos, circulatórios, encéfalos, tudo sem estilização, cheio de detalhe, um nojo só? E que a gente vivia falando que queria ver as peças publicitárias pra um congresso de proctologia?
- Claro.
- Pois é, semana passada tinha um outdoor bem aqui, anunciando um Congresso Goiano de Proctologia, hahaha...
- Tás brincando. E a marca era o que, um asterisco?
- Nah, nem tinha marca. Só o nome, data, local e umas fotos : uma praça de um lado e um ipê amarelo e florido do outro.
- Uai, mas o que é que ipê tem a ver com as calças??
- Pois é, né? Se pelo menos fosse um ipê roxo...

* * *

- Hum, que delícia isso, como é que se chama?
- Torta Marta Rocha.
- Uai, por que esse nome?
- Sei não. Acho que é porque assim que você acaba de comer um pedaço, ganha duas polegadas a mais nos quadris.

Cyn City

19.10.05

Da série SÓ DE CONGA NA MINHA CARA.

A pessoa tinha marcado bilhete de volta ao Brasil para uma segunda e resolve voltar na sexta. Tem lugar? Claro que não. Opção? Usar milhas, fazer upigreidi e voltar de executiva. Hum. Nada mal. Vamos ver como é que os ricos viajam. Óquei. Ticcinha imbuída do espírito sefazente de rica. Nada de levar sacolinha prástica na bagagem de mão que nóis semo pheEEEEEEna. Todas as bugigangas dentro do malón e toca pular ni riba do container pra fechar. Com Ticcinha, só sua mochila féchion, coisa meiga, com seu MP3 pleier, seu moleskine, seu acessórios, maquiagem, balinha, lencinho, canetinha, artiguinhos de higiene. Uma fineza só.

Dá seis da matina e Ticcinha tem que se despencar para o aeroporto. Despencar, literalmente. São 4 lances de escada pra descer, cujos degraus são estreitos, com um malón do tamanho de um bonde. Ticcinha pensa, pensa, pensa. De degrau em degrau não dá, malón não cabe. Descer nas costas tipo estivador, no way. Descer na cabeça estilo lata d’água, impossibile (não tem força pra subir e acaba com o penteado). Ticcia deita o malón e escora aquele amontoado de rocha e cimento (é o que parece ter dentro) por quatro longos e infindáveis lances de escadas. Chega ao térreo levemente suada, com o desodorante prestes a vencer. Não há de ser nada. A sefazente rica não esmorece. Enxuga o rostim com o lencim, taca um pozim compacto e vamquevam.

Já no aeroporto, Ticcinha olha com satisfação o pobrerio na fila dos comuns e ordinários, quilométrica, enquanto se dirige, lépida, faceira e posuda para a fila do EXECUTIVE CLASS. Pheeeeeeeeena. U-huuu. Lá chegando, é atendida por uma recalcada pobre, feia, asquerosa e mal-humorada que deve ter trabalhado a madrugada inteira. Possibilidade de tratar Ticcinha linda, rica e sorridente bem: ZERO.

Ticcinha entrega o bilhete, o passaporte e deposita o contêiner na esteira. Recalcada atendente informa que malón tem excesso de peso. Ticcinha não perde a sua pose de sefazente rica. Pergunta quanto custa o excesso (no melhor estilo vou pagar pra não me incomodar, nem to aí pra essas mixarias). Ela informa que são 120 dólares. Ãnh? 120? Ticcinha resolve dar um jeito, que a gente é só sefazente rica, mizifia e não tamos aí pra gastar o dinheirinho do frixóps. Pheeeneza sim, idiotice não.

Ticcinha recolhe o malón e sai à cata de uma loja que venda uma sacola de viagem para onde Ticcinha possa verter 10 quilos. A ÚNICA loja do aeroporto que vende mala ou sacola é uma chiquérrima que só comercializa Sansonite. A mais simplisim, baratim e pequetitim, custa 206 euros. Ticcinha conclui que vai tomar no c*. Desespero, ranger de dentes, Ticcinha finalmente confrontada com a sua total pobreza e despreparo.

Eis que, uma luz a alumia e ela lembra que na mochila tem o presente da Clarinha, numa sacola prástica reforçada. Abrindo mão de todo glamour, toda a crasse, toda a pose, numa atitude de despreendimento digna de São Francisco de Assis, Ticcinha abre o malón em pleno saguão e toca ver o que de mais pesado tem ali. Tudo isso, senhoras e senhores, acompanhado de perto por metade dos passageiros da fila dos comuns e ordinários, que, claro, devem ter ganho o dia vendo a sedizente rica chafurdando em calcinhas, meias de nylon, sutiãs e etc. (Ticcinha louca de medo que um etc saltasse da mala) pra não pagar excesso.

Terminado o show, despacha-se a mala e segue a sefazente rica com mochila e sacola prástica cheia de entulho rumo ao frixóps. Sorte que lá havia um sacolão tipo muambeiro pra vender. Até essas Ticcinha já tinha desistido de se fazer de pheeeena, tava com os dedos em carne viva da sacola prástica pesando 10 quilos, comprou o sacolão de feira e foi assim mesmo.

Moral da história: a gente tira a pessoa da crasse econômica, mas não tira a crasse econômica da pessoa.

Megeras Magérrimas

14.10.05

minha vida tem uns lances bizarros.

no segundo grau, tinha um professor de história que era o terror. o tito fazia prova oral na sala de aula e espinafrava muito se você errava. era grosso. te chamar de burro era default. uma vez tirei o bottom do the cure da jaqueta antes de entrar, não queria ter meu gosto musical destroçado por tito, o huno. sim, eram os anos 80.

tito me traumatizou especialmente quanto aos enciclopedistas franceses. quando não estava falando de diderot, berrava contra tudo isso que está aí, e berrava contra nós, fãs do raul seixas. eu fora, eu não ouvia raul, eu ouvia the cure.

no quesito trauma, tito só empata com neusa jaeckel, professora de matemática da quarta série, que me disse, uma vez, na frente dos coleguinhas: TU SÓ TEM CARA DE INTELIGENTE.

os anos 80 terminaram, eu e minha cara de inteligente entramos na faculdade de jornalismo, em porto alegre. dividi apartamento com a filha do tito. ela não puxou ao pai, é um amor de pessoa.

acabaria encontrando o tito, eu sabia, mas foi inusitado.

passei uma semana viajando e nesse intervalo tito e esposa foram visitar a filha. como eu não estava, e não ficaria sabendo, eles invadiram meu quarto. era melhor do que dormir no sofá da sala.

acontece que voltei mais cedo de viagem. abri a porta do quarto e lá estava ele, o tito, de pijama, deitado na minha cama, lendo.

foi a única vez que ele sorriu pra mim.

you're so vain/ you probably think this song is about you

12.10.05

Evoé, Buda Cósmico

É inconcebível que, numa época de deuses pessoais, ou para salas de até 150 lugares, o populacho seja tão pouco criativo. E a tal ponto, que se contentam em exaltar variantes cretinas do Deus cristão, com barba fofucha e um número menor de mandamentos -- sob alcunhas meigas como "dicas para bem viver".

Quando eu for mais velho e mais corno, talvez participe de pequenas seitas; e adote a pior versão do satanismo, que é sair por aí envergando uma camiseta do américa. Mas até lá, minha religião pessoal é o petróleo. Morrer pelo ouro negro, não, seria deveras vulgar. Coisas assim como só comprar produtos quando embalados por seus derivados.

E sempre que me vejo frustrado por hereges da sociedade de consumo das sacolas de papel, parto pro sincretismo, bradando numa evocação radamânica aos Novos Júpiteres: "Raios, duplos raios, raios triplos!"

Já dentre as novas religiões, nenhuma é mais antiga ou radical que a de Cambridge. Fundada no século XIII, foi do idealismo ao materialismo pleno, porém algumas de suas instituições permanecem intactas: se você não vai ganhar o prêmio Nobel ou inventar a lei da gravitação universal, então trate de remar. E remam como se disso dependesse a sua salvação! Pois não só o inferno é aqui, como está logo ao lado, em Oxford.

dies iræ

When the Saints Go Marching In

Fats Domino volta pra casa depois de passar três dias num bordel. Olha pra New Orleans. Está tudo debaixo d'água. Tudo destruído. Vira-se para a mulher:
– What the fuck? What the fuck did you do, bitch?

FDR

11.10.05

Uma história de Regulação, Família e Propriedade

Apolinário chamou os filhos:

_ Afixei, no quadro de cortiça do corredor, as novas normas para o reajuste de suas mesadas. A consulta pública se inicia hoje e receberei contribuições, por escrito, até as 18 hs da sexta feira. Contribuições pela internet poderão ser feitas até as 24 hs do mesmo dia.

A filha mais velha exultou:

_ Muito bem ! Chega de insegurança jurídica e falta de horizonte de planejamento.

O pai continuou:

_ Pela proposta, sua mesada será corrigida pelo IPCA ao final do prazo de duração de nosso Contrato de Manutenção Familiar, que é de um ano. O valor da mesada também será deduzido de um fator de produtividade escolar X, cujo valor irá depender da média de suas notas no ano. Se a média for inferior à do ano anterior em 5%, sua mesada será subtraída em 5%. Se a média for superior, quantia correspondente será creditada à mesada. Entenderam ?

O filho mais novo pediu a palavra:

_ Papai, o custo de vida está muito alto, e como somos uma família de classe média, nossas despesas variam com o IGP-DI, não com o IPCA.

_ Vocês verão que na consulta pública detalho os procedimentos para o pedido de revisão tarifária da sua mesada.

Os filhos se uniram:

_ Então vamos pedir a revisão agora !

_ Nada disso _ sorriu Apolinário _ as revisões serão feitas caso a caso, e sempre por razão delimitada e justificada. Se insistirem nesse movimento, denunciarei vocês à sua Mãe por formação de cartel.

SMART SHADE OF BLUE

10.10.05

vingança

Toca o celular...
- Alô.
- Alô, Senhor Guilherme?
- Sim.
- Sr. Guilherme, aqui é da TIM, estamos ligando para oferecer a promoção TIM 1.382 minutos, onde o Sr. tem direito...
- Desculpe - interrompo - mas quem está falando?
- Aqui Rosicleide Judite, da TIM, e estamos ligando...
- Rosicleide, me desculpe, mas para minha segurança, gostaria de conferir alguns dados antes de continuar a conversa, pode ser?
- ... Bem, pode.
- Você trabalha em que área, na TIM?
- Telemarketing Pró-Ativo.
- Você tem número de matrícula na TIM?
- Senhor, desculpe, mas não creio que essa informação seja necessária.
- Então terei que desligar, pois não estou seguro de estar realmente falando com uma funcionária da TIM.
- Mas posso garantir...
- Além do mais, sempre sou obrigado a fornecer meus dados a uma legião de atendentes sempre que tento falar com a TIM.
- Tudo bem senhor, minha matrícula é 6696969.
- Só um momento enquanto verifico.

(Dois minutos depois)

- Só mais um momento.

(Cinco minutos mais)

- Senhor?
- Só mais um momento, por favor, nossos sistemas estão lentos hoje.
- Mas senhor...
- Pronto, Rosicleide, obrigado por ter aguardado. Qual o assunto mesmo?
- Aqui é da TIM, estamos ligando para oferecer a promoção da TIM 1382 minutos, onde o Sr. tem direito de falar 1.300 minutos e ganha 82 minutos de graça, além de poder enviar 372 TIM Torpedos totalmente grátis. O senhor estaria interessado, Sr. Guilherme?
- Rosicleide, vou ter que transferir você para a minha esposa, porque é ela quem decide sobre alteração de planos de telefones celulares.Por favor, não desligue, pois essa ligação é muito importante para mim.

Coloco o celular em frente ao aparelho de som, deixo a música Festa no Apê do Latino tocando no Repeat e vou para o bar tomar uma cervejinha.

Quintessência

6.10.05

Diálogos Insanos (sim, eles estão de volta!)

Conversa por telefone com um amigoam.

Eu: Você não sabe, tô saindo de férias!
Ele: Hum.
Eu: Vou pro Texas, cara, vou chegar junto com o furacão! Olha que emocionante!
Ele: Prenda bem o seu cabelo.

Epinion

Esotéricos

Uma amiga toma “florais de Bach”, a outra bate o pé para dizer das maravilhas e seriedade da astrologia, uma terceira diz não perder as sessões semanais de culto Evangélico e desliga o telefone dizendo “amém Jesus”. Uma quarta se recusa a tomar aspirinas, pois “não gosta de remédios”. Vários amigos (e agora já são muitos), tornaram-se adoradores de gurus indianos com cabelos de Globtrotter. Uma outro, por derradeiro, se encanta com os unicórnios de Harry Potter e não esconde sua admiração pelos “mistérios da vida” relatados por Paulo Coelho.

O que está acontecendo? Onde está o velho e bom ateísmo, o agnosticismo debochado, o desconfiar das respostas certas, a crença na ciência? Onde se encaixaram a ironia, o comentário descompromissado, as reticências desplicentes com esses mistérios do Universo? Como, num século de tanto avanço científico, nos tornamos, em todas as camadas sociais, absolutamente estúpidos alavancadores de charlatões de toda a espécie? Quando ouço falar em florais de Bach, me vêem a cabeça aqueles filmes de faroeste norte-americano com um sujeito alardeando pela cidade em sua charrete o novo xarope milagroso. Sentados, ríamos da comicidade de nossos antepassados, mas pagamos R$ 400,00 por um bem elaborado e colorido “mapa astral” (!!)

O pior de tudo é essa mescla semi-alfabetizada de explicações “científicas” para todas as pseudo-ciências. Depois, reclamam ainda que nossa empregada é que é iletrada...

A salvação é a volta do movimento Iluminista. Daqui pra frente não quero que me chamem de Neo-Liberal. Cansei. Me xinguem de Neo-Iluminista!

AMARAR - De Volta à Capitar

5.10.05

Being Fernanda Obregon

(cinco passos facinhos pra me emular)

1. Passe a limpo sua caderneta de telefones e deixe de fora 85% dos contatos.

2. Trimestralmente apague de 10 a 15 números do seu celular. Ninguém te liga e tu não liga pra ninguém mesmo. Celular é um despertador que telefona.

3. Apague também, de primeira, uns 30 amigos do orkut. Quando não tiver nada pra fazer, apague mais 5. Apague amigos do orkut. É legal e evita que você queime filme ou estabeleça relações com estranhos.

4. Bloqueie pessoas no msn. Não somente os malas mas também os queridos que não possuem apreço por você. Se dentro de três semanas tu não receber um e-mail perguntando do teu paradeiro, certamente a pessoa não te merece.

5. Exclua outros queridos do msn para que você não pague uma de IDIOTA puxando assunto a toda hora. Se quiserem, que venham falar com você.

Esclareço que não sofro de misantropia, pelo contrário: estou esculpindo minha NETWORK. E se eu sou tua amiga é porque eu TE CONSIDERO PRA CARALEO. Se algum dia eu emputecer ou cansar, certamente tratarei de sumir. Sou assim, I can't help it.

Petit Pois

Titio Sebrae

O nome da nossa amiga Lady Incentivo à Cultura, que acabou de nascer e que eu mesma acabei de inventar, me deu uma outra idéia: nomes com crase.

O que eu quero dizer é que estou inaugurando a partir de agora a moda de nomes com crase (no Brasil). Ou seja, o “à” (a craseado) ocuparia o lugar dos “da”, “das”, “di”, “de”, “do”, “dos” que conectam os sobrenomes.

A partir de agora as pessoas teriam a possibilidade de fazer essa opção quando forem registrar seus filhos. Perceba a mudança. Vamos aos exemplos:

Ex1.: Maurício Santos da Silva passaria a se chamar Maurício Santos à Silva, ou Maurício Santos À Silva;

Ex2.: Cléber das Graças passaria a se chamar Cléber à Graças, ou Cléber À Graças;

Ex3.: Bruna Beber Franco Alexandrino de Lima passaria a se chamar Bruna Beber Franco Alexandrino à Lima, ou Bruna Beber Franco Alexandrino à Lima.

Ok, à moda do Silva, das Graças, do Lima não é lá muito legal. Mas é uma idéia. Ou melhor, é só uma sugestão. Se vocês não quiserem concordar, por mim, tudo bem.

À Bife Sujo

1.10.05

É preciso estar sempre bêbado...

A manhã está úmida e fria, bom sinal de que hoje vai ser um dia nulo. E é até bom que seja, porque estou com um humor péssimo. No sábado à noite alguém forçou a porta do meu carro, mas não conseguiu entrar, e não sei se é pior pensar que foi puro vandalismo ou que o ladrão era mesmo incompetente. Com a brincadeira, a porta do motorista ficou torta, mas só o suficiente pra chover em quem dirigisse, o que - obviamente - foi o caso. A noite só não foi pior porque eu vinha de algumas cervejas, de um boteco legal em que tocava MPB, e da ironia de um furacão que não aconteceu depois de expulsar cerca de 2 milhões de pessoas de suas casas, nos EUA. Voltei pra casa cantando Chico, "a Rita levou meu sorriso", e não sei bem como, na minha cabeça bêbada tudo fazia o maior sentido...

Mas é claro que isso não faz diferença nenhuma

o mujique

Certas pessoas dizem falar com Deus. Grande sorte a delas, enorme azar o Dele.

o mujique

cAtaRrO vErDe

O que leva uma pessoa a guardar o próprio ranho num lenço de pano enfiado no bolso? Apego afetivo ao muco? Geralmente é um lenço xadrez. E acontece com freqüência pela manhã. Se um cara tirar do bolso um lenço xadrez logo de manhã, saia de perto. Ele vai soprar ali todas as melecas gelatinosas que acumulou durante a noite. Pode sobrar alguma pra você. O barulho é sutil, lembra o escapamento de um Scania. Uma vez aconteceu perto de mim num salão de humor de Piracicaba. Sentado ao meu lado estava um dos Caruso, sei lá se era Chico ou Paulo, os dois são chatos univitelinos, vai saber. Em dado momento, o irmão Caruso meteu a mão no bolso de trás da calça, tirou um lenço marrom e expeliu a gosma viscosa com força e vontade política. Se você nunca ouviu o soprão nasal de um Caruso, nem queira saber. O teatro quase vem abaixo. Só tive tempo de me esconder atrás do folheto da exposição. O cara examinou o produto da propulsão atômica, dobrou cuidadosamente o lenço e guardou tudo no bolso. Ali devia ter pedaço de brônquio, bronquíolo, mucosa, pleura, essas coisas que a gente aprende na aula de ciências. Desconfio que ele guardou pra fazer uma terrine em casa. Terrine de porco.

cAtaRrO vErDe literal

Ontem à noite...

conversando com um amigo, ele me perguntou porque eu não havia escrito sobre o seqüestro. Eu escrevi, mas escondi. É que eu estava tão triste naquela semana, que seria impossível olhar pra isso fora do rascunho.

Mês passado

Ontem, por volta das sete da manhã, um cara armado bateu na janela do meu carro e mandou que eu abrisse a porta do passageiro. Deu a volta pela frente do carro e eu pensei em atropelá-lo, mas não consegui. Ele entrou e mandou que eu "sentasse o pé". Meus pés tremiam, minhas mãos tremiam e eu comecei a chorar enquanto guiava.
Ele estava nervoso. Olhava para trás o tempo inteiro e não parava de dizer que só queria se mandar dali. Eu também queria... Queria ir pra bem longe dele, daquela arma e de um pedaço da minha vida. Queria, tanto quanto ele, fugir para algum lugar que não tivesse um destino a me perseguir.
Minha bolsa estava embaixo do banco e ele não a viu. Assim como não me viu esconder o celular ao meu lado, pouco antes dele entrar no carro. Toda vez que ele tirava os olhos de mim, eu apertava os botões do aparelho e rezava para que caísse em casa e o Rube atendesse. Sem saber onde aquele seqüestro relâmpago poderia dar, eu torcia para que a idéia desse certo, ele ouvisse o que estava acontecendo dentro do carro e avisasse a polícia.
O cara perguntou se eu tinha dinheiro comigo, eu disse que não. Disse que tinha acabado de sair de casa para abastecer o carro e que só estava com o cartão de crédito. Em alguns momentos, eu me desesperava, achava que ele dispararia aquela droga de arma contra mim e acabava usando meu melhor escudo... Menti, disse que eu tinha filhos pequenos e que eles estavam me esperando para levá-los a escola. Disse que o caçula tinha apenas quatro anos e que era altista. Não me perguntem o porquê da mentira, achei que não bastaria dizer que as crianças tinham problemas de saúde. O problema teria que ter um nome se eu quisesse ser convincente e sobreviver. Disse que se acontecesse alguma coisa comigo eles ficariam sem ninguém porque eu não tinha marido e nem família... Tudo o que eu queria naquele momento era abraçar meu marido e minha família, tudo o que eu não queria naquele momento era ter filhos e considerar a possibilidade de morrer e deixá-los crescerem sozinhos. Ele, por sua vez, me interrompia dizendo que só queria ir embora, que nunca quis matar ninguém... E eu me perguntando quantas coisas ruins somos capazes de fazer mesmo sem querer.
Irritado com o trânsito, ele pegou o cartão de crédito que estava no console e mandou que eu parasse em um banco pra sacar dinheiro. Eu pedi que ele visse a data de adesão do cartão, disse que era um cartão novo e que só era usado para crédito. Era verdade, mas, com medo da falta de dinheiro estender a situação, pensei em avisar que a bolsa estava embaixo do banco. Pensei, mas as palavras não sairam.
O trânsito estava lento e ele queria, de qualquer jeito, que eu encontrasse um banco ou caixa automático na avenida onde estávamos. Eu disse que não fazia idéia de onde teria um, mas ele não acreditava e dizia pra eu acelerar. Uma viatura da polícia passou por nós e ele foi muito claro quando disse pra eu ficar quieta se quisesse continuar viva. A viatura passou, ele mandou que eu pegasse a marginal Tietê.
Mais trânsito, mais nervosismo. Mandou que eu parasse de chorar e fechasse totalmente o vidro para não chamar atenção. Disse pra seguirmos até o terminal rodoviário e continuava repetindo que só queria ir embora. Foi quando me dei conta de que o sujeito estava tão desesperado quanto eu, que ele não pretendia me matar e, talvez, só precisasse mesmo de dinheiro para fugir dali.
Chegando no terminal ele saltou do carro levando somente o cartão de crédito. Saiu correndo, escondendo a arma no corpo. Saiu sem desejar que eu tivesse boa sorte as crianças... Que crianças? Que sorte? Ele fugiu, eu voltei pra casa. Voltei chorando e sem nenhum abraço a minha espera. Sem abraços, sem família, sem filhos, sem nenhuma vida que valesse a pena ter sido preservada.

Licor de Marula com Flocos de Milho Açucarados