30.11.08

Ao longo da vida, vim colecionando pérolas ditas pra mim ou na circunferência do meu raio de audição. Como por exemplo quando fomos assistir "Hook" e a amiga da minha namorada da época disse que não ia, porque não curtia esse filme do cara que fica verde...

Numa outra ocasião, fomos assistir àquele filminho 4-4-6 do Leonardo di Caprio sobre o Rimbaud, a gente tava na fila e chegou um bróder perguntando o que iríamos assistir:
- O filme do Leonardo di Caprio - falou uma das meninas que estava com a gente.
- Mas já estreou?
- Já, estreou hoje.
- Ó, vou também, deixa só comprar o meu ingresso.
Meia hora de filme, o Verlaine mandando ver na bunda do Leo, o carinha acha interessante interpor um embargo de declaração:
- Randall?
- Que foi?
- Cadê o barco?
- Que barco, cara?
- Não é o filme do barco?
- Cara, é a história do Rimbaud...
- Rambo?????
- Desencana...
- Não é a história do barcão que afunda?

"Titanic" estrearia uns dois meses depois...

Eu achei que a campeã indiscutível seria aquela que eu ouvi quando fui (semi-obrigado, praticamente arrastado, e de graça) assistir "Cats" com a Laura, e uma mina perguntou pro namorado, entre uma música chata e outra:
- Tá quase no final, que horas é aquela música "Nós gatos já nascemos pobres, porém, já nascemos livres..."

Mas isso foi até a semana passada, quando um rapaz aqui da empresa se mostrou verdadeiramente surpreso pelo fato do Obama ter sido eleito nos EUA, mesmo depois de ter jogado dois aviões nas Torres Gêmeas...

febre alta

28.11.08

Em tempos de festas de confraternização, é quase uma epidemia.

Hoje venho comentar sobre uma espécie conhecida de todas nós: a INHA

Sally, o que é a "inha"? A INHA, cara leitora, é aquela amiga do seu namorado que tem fotos de gosto bem duvidoso no Orkut e o trata com tanta intimidade que beira a falta de educação e a vulgaridade. Pode ser a Renatinha, a Regininha ou a Carolzinha. Tanto faz. É sempre uma INHA.

Não sou uma pessoa doentiamente ciumenta, meus exs podem vir aqui confirmar isso. Aliás, no caso das INHAS, arrisco dizer que nem se trata de ciúmes, e sim de falta de respeito. O que me irrita e me tira do sério é a falta de respeito delas (e deles, em alguns casos). Será que algumas mulheres não se dão conta que quando um amigo começa a namorar algumas atitudes tem que ser repensadas? Ou será que elas fazem isso de propósito, para se sentirem poderosas?

Geralmente os atos das INHAS nem são o maior dos problemas. O grande problema vem da reação do Zé Ruela aos atos das inhas. Cabe a eles colocar as INHAS no seu lugar, entenda-se, lugar de amiga. Homem bonito até que costuma cortar as INHAS, mas os feios e os mais ou menos... são um problema! Acho que são meio deslumbrados, porque nunca mulher nenhuma deu em cima deles e quando uma dá, ficam tão maravilhados que não conseguem cortar.

O namoro só perde com esse estresse: a namorada se aborrece, o namorado acha que a namorada está enchendo o saco. Que tal cortal o mal pela raiz, Amigo Cueca, assim você nos poupa (e se poupa também) de aborrecimentos?

E como eles nunca sabem o que vai chatear suas namoradas, pois parecem sempre ter sido pegos de surpresa pelas nossas reclamações, segue aqui uma lista de coisas que aborrecem a maior parte das mulheres. Acabou a era do "eu não sabia". Quem mandou não entrar em um blog sobre carro ou sobre futebol, Amigo Cueca? Seu álibi de desconhecimento já era...

DESFAVOR INHA 1 - "EU TE AMO"

CENA: Você vê nos scraps dele o seguinte texto:

"Oi LiNdu! SaUdAdJiX di Vc GaTu! SoNhEi c Vc! KKKKKKKKKKKKK
Ti Amoooooooooooo Mto!!!!!!!!! bjux "

A foto da autora deste desfavor à língua portuguesa é uma menina com um decote daqueles que você pode ver os pêlos pubianos, chupando um picolé de forma vulgar, enquanto pisca um dos olhos, com a câmera na mão, tirando a foto em um espelho.

Minha opinião: Eu sei que no Orkut, MSN e similares o tom das conversas é mais informal. Mesmo assim, mulheres não gostam de ver outras mulheres dizendo que amam seu homem. É desagradável. É humilhante. Não é insegurança, ok? Pode ser uma gorda de 300kg, sem dentes e com um olho de vidro, ainda assim, é falta de respeito, mesmo que a mulher tenha a certeza de que nunca, jamais, em tempo algum, vai ser trocada pela Jubarte. Estampar em um lugar público um "eu te amo", ou pior ainda "Ti AmU miGuuuuuu!" (além de vadia, analfabeta) é um desfavor. VOCÊ, Amigo Cueca, ficar inerte a isso é um desfavor maior ainda. Tudo bem, o simples fato de uma pessoa sem noção deixar um "eu te amo" não é motivo para briga, eu já recebi declarações de amor pelo Orkut de pessoas que nem conhecia, ninguém está livre disso. O grande problema é você, Cueca, ficar inerte a isso e não colocar limites. Comigo é delete + bloqueado, mas isso vai de cada um, cada um impõe limites como quer.

Mas Sally... É só amizade...
Amizade é meu cu cheio de purpurina. Mesmo que seja só amizade da SUA parte, Amigo Cueca, você não pode ter certeza se é amizade só da parte dela. E mesmo que seja só amizade, se os termos dessa amizade magoam tanto sua namorada, não custa fazer umas alterações. Ninguém está pedindo para que você vire as costas para a sua amiga, apenas para que converse e esclareça que você não acha essa atitude adequada.

Mas Sally... Eu não sei ser grosso...
Quem disse que precisa ser grosso? Fale na maior educação. E cá entre nós, Amigo Cueca, você SABE SIM ser grosso. Ou por acaso quando passam a mão na bunda da sua mulher você entrega flores ao autor da gracinha? O problema é que você só é grosso com aqueles que TE despertam raiva. Se o sofrimento for da sua mulher tudo bem, né?

Mas Sally... Nada a ver, ela tem namorado!
Pior ainda, está faltando com o respeito ao namorado dela e à sua namorada. Desde quando quem tem namorado impede de dar em cima de outras pessoas? E mesmo que ela não esteja dando em cima de você, custa evitar esse tipo de coisa para não magoar sua mulher?

Mas Sally... Eu não entendo porque isso incomoda!
Eu também não entendo porque vocês se descontrolam vendo jogo de futebol, porque tratam carro como filho ou ficam lendo o jornal enquanto cagam. No entanto, mesmo sem entender, consigo aceitar e respeitar, sabendo que é importante para vocês. Para respeitar é preciso entender? Não basta saber que vai causar um sofrimento para a sua amada para tentar evitar o desfavor?

Mas Sally... Se eu falar isso, mesmo com jeito, minha amiga vai ficar magoada...
Então, meu Amigo Cueca, você vai ter que escolher entre magoar a sua amiga ou magoar a sua namorada, porque se ficar recebendo "eu te amo", "sonhei com você" e "saudades de você, Lindo!" e se mantiver nessa inércia contemplativa, vai magoar sua namorada. Tenha em mente que a sua amiguINHA pediu por isso: quão sem noção tem que ser uma mulher para deixar esse tipo de recado para um homem que sabe estar namorando? Passarinho que come pedra sabe o cu que tem.

DESFAVOR INHA 2 - CONTATO FÍSICO EXCESSIVO

CENA: Você está em um bar com seus amigos. Do nada escuta um grito estridente:

"AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!"

Você pensa que é um assalto ou uma barata, mas não é, é a INHA. Ela se pendura no pescoço do seu namorado gritando:

"FULANINHOOOOOOO!!! QUE SAUDAAAAAADEEEESSSS!"

Ela ignora você e conversa com ele pegando-o e apertando-o e depois ainda senta no colo dele.

Minha opinião: Não contente com as manifestações no mundo virtual, a INHA muitas vezes abusa no mundo real também. E elas adoram um contato físico excessivo: sentar no colo, longos abraços, segredinhos ao pé do ouvido, e algumas mais sem noção arriscam tapas na bunda. Na bunda do namorado. Supondo que a namorada seja uma santa, ela não dá na cara da INHA na hora por consideração e te poupa do barraco, mas pode ter certeza que ela está de olho na sua atitude esperando que você faça algo. Incomoda de forma dupla esse tipo de abuso: primeiro, porque tem alguém mexendo do que é seu (foda-se se ela é feia, se é amiga, se é traveco ou se é o Papa Bento XVI, tá mexendo no que é meu). Tá me achando ciumenta? Pense no contrário: um homem dando tapinhas na bunda da sua mulher e você do lado, de espectador. Incomoda também pelo mal estar social que causa, sua namorada protagoniza um puta papel de corna/idiota/babaca na frente de todo mundo. Por isso, é de bom tom dar um corte na hora. Abuso de forma pública? Corte de forma pública. Passarinho... pedra... você sabe.

Mas Sally... minha namorada sabe que eu amo ela, porque ela se importa?
Porque isso configura FALTA DE RESPEITO. E quando nos sentimos desrespeitadas ficamos muito chateadas. Você amar sua namorada não te dá carta branca para sair por aí fazendo coisas que magoem ela. Faz diferença porque ela se importa? O grande diferencial aqui é: estou informando que magoa. Você quer vê-la magoada? Quem é você para dizer o que magoa e o que não magoa?

Mas Sally... Chatão dar um corte na frente de todo mundo, né?
É sim. É chatão. Da mesma forma que é chatão sua amiguINHA fazer um desfavor desses na frente de todo mundo. Tá zero a zero.

Mas Sally... Foi de brincadeira!
Existem coisas que mesmo sem intenção, magoam. Essas coisas devem ser evitadas. Só porque não foi mal intencionado não quer dizer que é festa e tá tudo liberado. Tudo bem, tem algumas INHAS que tem a piranhagem tão enraizada no âmago do seu ser que nem percebem que estão sendo inconvenientes, mas isso não é motivo para não cortar. Tem coisas com as quais não se brincam, sobretudo as que magoam.

Mas Sally... Eu não fico com essa minha amiga!
Só faltava, né? Além dela fazer essas inconveniências em público, você ficar com ela. Não pense que é grandes bosta você não ficar com ela, você não faz mais que sua obrigação. E só porque não fica com ela, isso não quer dizer que você tenha carta branca para esse tipo de coisa.

Mas Sally... Ela sempre agiu assim comigo...
Eu sempre caguei na fralda até que um dia aprendi a usar a privada. Ela tem que entender que a sua situação fática mudou, agora você está namorando e isso pede uma nova postura. Não precisa deixar de falar com ela, mas também não se pode pretender que ela continue beliscando sua bunda e sentando no seu colo.

DESFAVOR INHA 3 - AMIZADE FORÇADA

CENA: A INHA que você já detesta, em função dos outros dois desfavores anteriores, começa a puxar papo com você. Ela sempre te ignorou, mas hoje está cheia de amores. Você, para não parecer antipática, conversa por educação:

INHA: "Menina, eu a-do-ro vestido tomara-que-caia! Você gosta?"

Você: "Ahãn"

INHA: "Então feeeechouuuu! Vamos combinar de ir juntas no shopping comprar vestiiiidooo! Pode ser no sábado?"

Você: ... (cara de bunda)

Minha opinião: Quem escolhe meus amigos sou eu. Justo, não? Pois é. Mas tem umas INHAS que se acham espertas e começam a querer forçar uma amizade com a namorada do amigo. Não sei bem porque elas fazem isso, se é para poder continuar piranhando em paz, se é deboche ou se tem titica de sabiá amarelo na cabeça mesmo. O fato é que não tem nada mais desagradável do que aquela INHA que você detesta (leva poucos segundos para odiar uma INHA) toda se querendo para cima de você. Começa a pagar de amiguinha, na sensacional estratégia dela e já te chama logo para ir ao shopping ou ao cinema. Você acha aquela pessoa ordinária e burra. Você não quer contato. Mas se você recusar, a INHA se faz de vítima para o seu namorado "Eu tentei me aproximar dela, mas acho que ela não gosta de mim, Fulano. Poxa, eu tô fazendo de tudo para ser amiga dela...". Adivinha quem sai como a mocréia? Você. Periga até seu namorado fazer um discurso conciliador pedindo para você dar uma chance à INHA e dizer "O que foi que a menina te fez?". Você pensa "nasceu", mas não pode responder, porque a safada te deixou em uma situação complicada. Entendam: mulher não é homem, que se junta com qualquer homem e já joga uma pelada e toma um chopp falando besteira. Nossa amizade é mais profunda. A gente se abre com as amigas (Somir depravado, nem ouse fazer um trocadilho). Não podemos ser amigas nem colegas de qualquer uma, não é uma questão de esforço, precisamos de afinidade. Por isso, respeite nosso sagrado direito de não querer ser amiga da INHA.

Mas Sally... A menina tá na maior boa vontade, precisa ser grossa?
Quem aqui está sendo grossa? Você desconhece o que é ser grossa. Ser grossa é cuspir na cara dela e gritar "Que amizade o que! Amizade de cu é rola, sua piranha!". Se um amigo meu gay chama meu namorado para ir ao cinema, eu entendo se ele recusar, porque não vai ter a menor afinidade. Espera-se que seja respeitada nossa recusa em confraternizar com a INHA.

Mas Sally... Não custa nada...
Alto lá! Não custaria nada PARA VOCÊ, mas você não pode medir o nosso sacrifício pelo seu. Para mulher custa sim. É um cu. Mulheres falam muito, por isso só aturamos outras mulheres com as quais a gente tenha afinidade. Procure ficar do lado de uma pessoa que fala muito e que não tenha nada a ver com você, sem a possibilidade de fazer sexo, e constate por você mesmo como é chato.

Mas Sally... Isso vai magoar a INHA...
Já falei mas vou repetir: ocorrerão situações onde você vai ter que escolher se magoa a namorada ou a INHA. Essa mania escrotamente diplomática que homem tem de querer sair bem com todo mundo me soa covarde.

Mas Sally... a menina é um amor...
Dá licença que outras pessoas achem ela um cu sujo e mal lavado? Obrigada.

Mas Sally... o que eu digo para ela?
Não diz nada. Quando a INHA chamar sua namorada para sair, ela vai dar o fora que achar mais conveniente. Se a INHA te perguntar alguma coisa, você manda ela perguntar para sua namorada. E nunca diga para a INHA que a namorada não gosta dela, isso dá uma alegria enorme às INHAS e nos deixa mal pra caralho. Não dê armas para a INHA se vitimizar. Diga que sim, que sua namorada gosta muito dela e deixe a própria namorada explicar porque não vai sair com ela.

DESFAVOR INHA 4 - EXCLUIR VOCÊ

CENA: Vocês estão em um aniversário. Infelizmente a INHA está lá. Ela é "amiga" de todo mundo, e por amiga, entenda-se, ela dá para geral por isso é mantida por perto. Alguém fala em acampamento. Você é uma criatura urbana que preza pelo conforto e se recusa a limpar o cu com folha de árvore. Você responde, em nome do casal, que não, muito obrigada, vocês não tem interesse em acampar. A INHA se manifesta:

"Imagiiinaaaa! O Fulano sempre acampava antes de te conhecer! Ele gosta siiiim! Fulano, vai deixar de acampar só porque está namorando? (e faz sinal com as mão simulando uma coleira no pescoço do seu namorado) Claro que não, né? Vem com a gente!"

As mais abusadas ainda dizem para a namorada, no caso, você:

"Ahhh... você não gosta, né? Deixa ele ir, vai... Me empresta o teu namorado só neste fim de semana então, te devolvo ele na segunda-feita inteirinho, prometo! hi hi hi..."

Minha opinião: Muitas INHAS armam programas onde acabam excluindo as namoradas, por um motivo ou por outro. Isso é um desfavor, mas o grande desfavor mesmo acontece quando seu namorado topa isso. Não precisa ser uma coisa maldosa. Por exemplo, uma INHA sabe que você odeia futebol. O que ela faz? Arma dela ir ver um jogo de futebol com o seu namorado. Ainda que não sejam só eles dois, é uma situação muito desconfortável que vai te incomodar profundamente. Você pode ir, mesmo odiando cada segundo do programa, só para marcar presença, pode se opor à ida dele ficando como chata mocréia e insegura ou pode ainda adotar uma postura blasé e ficar em casa espetando um bonequeinho vudu da INHA. Tudo uma merda. Por isso é que se pede encarecidamente aos Cuecas que recusem sair sem a sua namorada com aquela INHA que ela detesta, como um ato de carinho para com a sua namorada.

Mas Sally... vou a um lugar público, nem que eu quisesse poderia ficar com ela!
Meu Amigo Cueca, se a sua namorada tivesse alguma dúvida de que você poderia ficar com ela, nem estaria mais com você. O que nos incomoda basicamente não é o medo de você ficar com ela. É alguém mexendo no que é nosso. Mesmo tendo total garantia de que você não vai ficar com ela, incomoda, por si só, o fato de saber (ou achar) que tem uma mulher dando em cima do nosso namorado. Não é falta de confiança, é a falta de respeito dela de dar em cima de você o que incomoda.

Mas Sally... como assim "mexer no que é meu"? Eu não sou propriedade de ninguém!
Então tá, Hare Krishna. Vai morar em uma comunidade hippie e faz sexo com todo mundo. Evidente que o homem não é propriedade da mulher, mas em um relacionamento monogâmico estável temos o direito de cobrar exclusividade em algumas condutas: você só beija a namorada, você só faz sexo com a namorada... ao menos oficialmente. Então, quando você socializa essas condutas que deveriam ser exclusivas da sua namorada (e ela paga um ônus caro por essa exclusividade), dá a sensação de que tem alguém mexendo no que é dela. É quase uma quebra de contrato. E se você for casado, é de fato uma quebra de contrato. Sim, casamento é um contrato. Românticos, suicidem-se.

Mas Sally... Eu não vou poder mais sair sozinho com amigos agora?
Boa tentativa de se fazer de vítima, mas não colou. Pode sair sozinho com amigos sim, só com essas INHAs é que a coisa desanda. Não se trata de "não poder", ninguém manda em ninguém, só estamos cientificando você, Amigo Cueca, do sofrimento que você vai nos proporcionar se sair sozinho com ela. E esperamos que você nunca nos provoque um sofrimento do qual foi previamente avisado. Se você tivesse cortado a INHA em suas inconveniências desde o princípio, não haveria essa animosidade. Logo, você está colhendo o que você plantou. Não faça parecer um sacrifício. Sua falta de postura está dando frutos.

Mas Sally... confiança é a base de uma relação!
Concordo! E a confiança da sua namorada em você está abalada, justamente pela sua inércia contemplativa de deixar a INHA correr solta e fazer todo tipo de desfavor. Se você tivesse colocado limites, a confiança estaria 100% e você poderia sair com ela. E veja bem, quando digo que a confiança não está 100%, não quero dizer que sua namorada ache que você vai ficar com a INHA. Na verdade, quero dizer que sua namorada não tem 100% de certeza de que você vai dar um corte em condutas inconvenientes dessa criatura.

Mas Sally... se não confia, porque não termina?
Não é que ela não confie em você. Ela não confia na INHA. Também não confia na sua capacidade de detectar e/ou cortar atitudes inconvenientes. Isso não basta para terminar. Uma pessoa pode não cortar por diversos fatores: porque não percebe, por exemplo, que por sinal, é a desculpa favorita de vocês. Agora, se sua namorada acha que você pode efetivamente vir a ficar com a INHA um dia, concordo com você, Amigo Cueca. Tem mais é que te dar um fora mesmo.


DESFAVOR INHA 5 - PROVOCAR A NAMORADA ABERTAMENTE

CENA: Vocês estão em algum evento, onde a INHA, para variar, bebeu muito e está emendando um desfavor no outro. Ela já mandou beijinho pro seu namorado de longe, já dançou estilo pole dance perto dele e quando ela vai sentar no colo dele pela milésima vez, você fecha a cara e bufa. Ela olha e grita:

"O QUE QUE ÉÉÉÉÉ??? HEEEIIIN? FULANO, ESSA SUA NAMORADA É MUITO CHATA, VIUUU? VIVE DE CARA AMARRADA! SOU MAIS EU HEEEEINNN? HAHAHAHA" - e dá um beijo no pescoço dele. Ele te olha apavorado, sem saber o que fazer, com olhar de "pelamordedeusnãodêumbarraco"

Minha opinião: Não sei se chega a ser um desfavor, porque depois dessa você tem permissão social para estancar a porrada em cima dessa filha da puta. Mas de qualquer forma, nunca é bom sair no tapa por aí. Sobretudo quando a INHA é maior que você. Infelizmente, isso acontece. Algumas INHAS partem para a provocação direta em determinado ponto do namoro. É lucro para elas, afinal, vai te deixar com fama de barraqueira. Algumas o fazem longe dos olhos do namorado e depois negam. Outras o fazem na frente de meio mundo em tom de desafio. Quando isso ocorre, você pode ter certeza que o conflito já é antigo. O ideal é que você tome o lado da sua namorada, mesmo que ela não tenha razão. Não tome o lado da INHA publicamente, mesmo que no fundo ache que ela está certa. Homem que toma as dores da INHA publicamente acaba mal. Além de perder sua namorada, você também pode perder seu bilau.

Mas Sally... Custa ser superior e ignorar?
Custa. Custa muito. Custa pra caralho. Custa você ser superior quando passam a mão na nossa bunda? Custa você ser superior quando toma uma falta desleal no futebol? Custa você ser superior quando xingam sua mãe? Pois é, cada um sabe onde aperta o calo. Se ela não ignorou, era porque para ela seria impossível fazê-lo.

Mas Sally... porrada de mulher é tão feio...
Há controvérsias. Eu acho qualquer porrada feia, um horror, um desfavor. Mas, infelizmente o ser humano é uma merda e algumas vezes só a porrada resolve. Culpa sua, Amigo Cueca, que deixou o barco correr solto até chegar a esse ponto. Tivesse colocado limites na INHA ou tivesse terminado seu namoro. Peidou? Agora cheira!

Mas Sally...Não tinha necessidade disso!
Falou a voz da razão. Quem você pensa que é para dizer o que nós temos necessidade de fazer ou não? Tudo bem, o certo é dar um pé na bunda de homem que não coloca limites na INHA, mas quem disse que a gente sempre consegue fazer o que é certo? Sempre fica aquela esperança babaca que vocês percebam que ela não presta.

Mas Sally... Ela não fez isso para provocar!
Não, né? Foi sem querer... Ok. Mesmo que a pessoa tenha feito uma coisa sem querer, a outra tem todo o direito de se ofender. Se não fez de propósito, NO MÍNIMO não parou para pensar nas consequências dos atos, não parou para pensar em quem ela poderia magoar. E vendo a mágoa, não se desculpou. Assumiu o risco.

Mas Sally... uma das duas está apanhando feio, devo me meter?
Depende: se for a INHA, não.

....

Meu Amigo Cueca, SE poupe de tudo isso e NOS poupe também. Coloque limites na INHA desde o começo. Seja honesto, você não ia gostar se houvesse um ÃO no seu caminho: Jorjão, Paulão, Serjão...

Me pergunto se no fundo, no fundo, eles não deixam a INHA deitar e rolar por pura vaidade. Será que eles não gostam de ver a nossa reação? Será que eles não gostam de ter uma mulher sempre dando em cima deles?

Dedico esta potagem para Juliana, que sugeriu o tema via e-mail. Juliana, espero que o cu dessa INHA que te inferniza pegue fogo e apaguem com um tamanco.

dicas certeiras da Sally Surtada em desfavor

24.11.08

Gado

Não foi fácil chegar ao Brasil. Não foi fácil sequer sair do aeroporto. As instalações da Portela estão infestadas de pessoas de ambos os sexos que nos olham com desconfiança como se tivéssemos escrito na cara, a denunciar-nos, um historial de declarados ou potenciais terroristas. A estas pessoas chamam-lhes “seguranças”, o que é bastante contraditório porque, por experiência própria e tanto quanto pude perceber ao redor, os pobres viajantes não sentem nem sombra de segurança na sua presença. O primeiro problema tivemo-lo na inspecção da bagagem de mão. Ainda no rescaldo da doença de que padeci e de que felizmente me venho restabelecendo, devo tomar com regularidade, de duas em duas semanas, um medicamento que, em caso de passagem por um aeroporto, necessita ir acompanhado de declaração médica. Apresentámos essa declaração, carimbada e assinada como mandam os regulamentos, pensando que em menos de um minuto teríamos licença de seguir. Não sucedeu assim. O papel foi laboriosamente soletrado pela “segurança” (era uma mulher), que não achou melhor que chamar um superior, o qual leu a declaração de sobrolho carregado, talvez à espera de uma revelação que lhe fosse sugerida pelas entrelinhas. Começou então um jogo de empurra. A “segurança”, que já tinha, por duas ou três vezes, pronunciado esta frase inquietante: “Temos de verificar”, recebeu logo o apoio do seu chefe que as repetiu, não duas ou três vezes, mas cinco ou seis. O que havia para verificar estava ali diante dos olhos, um papel e um medicamento, não havia mais que ver. A discussão foi acesa e só terminou quando eu, impaciente, irritado, disse: “Pois se tem que verificar, verifique, e acabemos com isto”. O chefe abanou a cabeça e respondeu: “Já verifiquei, mas este frasco tem de ficar”. O frasco, se podemos dar tal nome a uma garrafinha de plástico com iogurte, foi juntar-se a outros perigosos explosivos antes apreendidos. Quando nos retirávamos não pude deixar de pensar que a segurança do aeroporto, por este andar, ainda acabará por ser entregue à benemérita corporação dos porteiros de discoteca…

O pior, porém, ainda estava para vir. Durante mais de meia hora, não sei quantas dezenas de passageiros estivemos apinhados, apertados como sardinhas em barrica, dentro do autocarro que deveria levar-nos ao avião. Mais de meia hora sem quase nos podermos mexer, com as portas abertas para que o ar frio da manhã pudesse circular à vontade. Sem uma explicação, sem uma palavra de desculpa. Fomos tratados como gado. Se o avião tivesse caído, bem se poderia dizer que havíamos sido levados ao matadouro.


O caderno de José Saramago

18.11.08

Afinal de contas, o Brasil é ou não é um país racista?

Não é preciso muitos dados e gráficos.
Se você chega numa cadeia ou no fórum, e todos os juízes e advogados são brancos, e todos os réus são negros; se você chega num hospital, e todos os médicos são brancos, mas todos os faxineiros são negros; se você chega numa empresa e toda a diretoria é branca, mas a moça do café e o rapaz da xerox e o ascensorista são negros; então esse é um país racista.

liberal libertário libertino

11.11.08

Ali pelas 3 da manhã, olhamos pela janela e vimos, à distância, alguma coisa (grande) pegando fogo, no Setor Universitário ou perto dele. Chamamos os bombeiros, que nos disseram que já haviam sido comunicados, e realmente, dali a poucos minutos os caminhões vermelhos passaram pela marginal, e depois de mais alguns instantes o fogo sumiu. Ficamos preocupados - "será que foi grave? será que houve vítimas?", esse tipo de coisa - mas apesar de podermos saber, com uma dúzia de tecladas ou menos, tudo sobre o carro-bomba que explodiu na Espanha, as últimas notícias da campanha presidencial norte-americana ou (se estivéssemos minimamente interessados) sobre a anoréxica parasita de jogador de futebol que vai correr uma maratona (com que músculos, nem Zeus sabe), a gravidez malsucedida da cantora chata ou o divórcio de outra, mais coroa e mais chata ainda, como não vimos o telejornal local hoje e o impresso já devia estar fechado àquela hora, não conseguimos saber NADA sobre um incêndio acontecido logo ali, na nossa cidade e ao alcance da nossa vista... Weird times.

cyn city

Após assistir ao noticiário

— Povo burro!
— É.
— Têm que morrer.
— Tinha que ter vestibular para viver.
— Hahahah!
— É. Tipo, de dez em dez anos, você faz uma prova. Se não passar, morre.
— Dez anos é muito tempo.
— Tá, cinco. De acordo com a idade.
— Um prova teórica, tipo vestibular, e outra prática, tipo uma gincana. Em uma ilha. Quem ganhar volta de helicóptero. Quem perder, volta a nado.
— Hahaha!
— "Se eu ficar eu morro, se eu for eu morro. Vou tentar!", isso se pensar antes de sair nadando.
— Perigoso. Os que perdem podem desenvolver uma civilização na ilha, procriar e tal...
— Nem. Duvido fazerem irrigação, plantar, etc...
— Acho que conseguem, sim.
— Tu conseguiria?
— Tá dizendo que eu ficaria na ilha?
— Você comeria o quê?
— Coco.
— Você morreria. E irrigação?
— Tô numa ilha, pô. Tem água pra caralho na volta.
— Salgada.
— Hahahaha!
— Sim.
— Sim o quê?
— Você ficaria na ilha.
— Hahaha!
— ...
— Foi assim que criaram Manhattan?

conversas furtadas

10.11.08

Na lavanderia

Como ter certeza de que a sua roupa era realmente muito curta - ato único.

Você entrega um vestido no balcão da lavanderia e o cara te cobra a lavagem de uma blusa.

Não comenta?

Reforma Ortográfica

Não sei não.

Talvez a nova "tranquilidade" seja mais "tranquila" do que a velha "tranqüilidade". Mas tenho a leve impressão de que "voo" não nos trará a mesma sensação de "vôo", assim, sem o pássaro por cima da palavra.

E tem outras coisas que ainda estou em dúvida se vieram mesmo pra facilitar...

aymberê

7.11.08

Cerveja, por favor!

Não sei quem inventou que velho tem que andar com velho? Essas excursões da “melhor idade” me apavoram e me deprimem. Detesto ter que esperar as “amigas” que a cada dois passos, param para “tomar um arzinho”. Acho “o” fim, aquelas que não podem ver uma planta bonita e já querem pegar um muda. Se não cuidei de criança, lá vou cuidar de uma avenca?! Quando me aparecem com suco ralo e sem açúcar na hora do almoço, peço para morrer. Eu tomo é cerveja! E nem adianta me dizer qual é “o” segredo dessa torta de camarão com palmito. De-tes-to essa mania de cozinhar.

Sete Linhas