6.12.02

Quem lê isso aqui há mais tempo sabe que o meu pai é a criatura mais alienada do mundo. Passa os dias lendo jornal, de pijama, acha que uma caixa de fósforo custa dez reais e não sabe "a que horas fecha essa tal de internet". Então foi um espanto pra mim quando, na semana em que me separei, ele me convidou pra almoçar. Tipo, vinte e cinco anos e meu pai nunca me convidou pra almoçar. Mas oquei. Pensei que ele viria com alguma ladainha a mando da minha mãe, algo como "minha filha, você está fazendo uma grande besteira e yadda yadda..." Ma não. Foi bem mais divertido. O tipo de coisa que só acontece comigo mesmo.

Eis que no dia combinado, meu pai me encontra na portaria do escritório e aponta pra um táxi que nos espera. Ele diz que fez uma reserva. Hoho. Rodamos pra Copacabana. Mal sabia eu o que me aguardava: meu pai me levou no médico. Repito: no médico. Sim, porque eu devia estar doente. E não vou nem entrar em detalhes pra não matar vocês de tanto rir, mas o médico em questão - muito bom, por sinal - é também vidente. Repito: vidente. Porque se eu não estivesse doente, certamente devia ter uma mandinga em cima de mim.

Depois de me examinar *E* me examinar (leia-se: varetas de medição de ectoplasma do tipo Ghostbusters e por aí vai), é o-hó-bvio que o médico constatou que eu estava ótema, tanto de saúde quanto espiritualmente. Já que eu estava lá, xeretei sobre spritos e coisas afins, e informei ao cara que andava meio estressada no trabalho. Aí, depois de dizer que ninguém mais ninguém menos que Euclides da Cunha (!!!) estava acompanhando o meu trabalho (só imagino como o coitado deve estar horrorizado...), o médico-vidente me receitou boletas da alegria.

Eu comprei, claro, alegria nunca é demais.

esta é sua

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