Minha avó Dulce naceu em Portugal, numa região rural de plantio de uvas. Ela tem histórias ótimas de quase 90 anos de vida (nasceu em 1913). Uma das melhores é a vinda para o Brasil, com 13 anos, num navio que saiu do Porto de Lisboa com destino a Santos, em São Paulo. Não sei muito bem o que motivou a família, mas isso é outra história. Vieram mãe, pai, a irmã, o irmão e alguns tios, tias e primos. Ela me conta que foram mais de 20 dias cruzando o Atlântico. Aquele mar infinito, a ansiedade do que estava por vir. Em um dos primeiros dias de viagem, a mãe lhe pede que vá buscar um copo de água. Ela caminha por algum lugar do imenso navio cuidadosamente com um copo de água nas mãos. De repente ela vê alguém que a paralisa, o copo se espatifa no chão em pedacinhos e ela sai correndo como se tivesse visto um ser de outro mundo. O primeiro negro que viu em sua vida. Para ela, aquele negro representava realmente um outro mundo, o Novo Mundo.
fly my butterfly
24.1.03
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