10.1.03

Na festa encontro com a Dulce, nunca foi uma amiga mas sempre uma boa colega, e alguém com quem cruzo há séculos. Ela ficou se lembrando do tempo em que fazíamos aula de dança juntos e que eu tinha um corpo, segundo ela, escultural, magrinho apesar de forte. Pois é, eu respondi, por baixo desse corpo gordinho ainda existe um cara muito forte e musculoso, o que me faz ficar um pouco maior. Ela disse; "não tem problema, você perde essa barriga, emagrece e vai voltar a ter um corpo bonito". Coitada, ela não disse nada que eu não ouça 3 vezes por dia, de todo o tipo de gente que cruzo pela vida. Ela apenas repetia o que todos acham-se no direito de dizer: você está decadente, com cara de derrotado e feio. Até quando vou colocar gasolina no carro tenho que ouvir isso do frentista. Ninguém se poupa do direito de dar uma detonada em um gordo. Gordos são a escória do nosso tempo. E tanto faz se são gordinhos ou baleias: não tem barriga de lavar calcinha, não serve para figurar em comercial não merece respeito! Vá lá, ser for magérrimo, tudo bem! Anorexia e bulimia são doenças aceitáveis, hipotireoidismo não!!! Isso é falta de vergonha na cara. E todos se acham muito amigos quando me dizem cotidianamente: Cria vergonha na cara, seu gordo filho de uma puta.

Não foi isso, exatamente, o que a Dulce quis dizer. Mas eu respondi o que sempre quero responder e nunca faço por achar que o interlocutor não merece a resposta: foi isso o que me levou a mudar para São Paulo.

rabiscado no Bloco de Notas do Leo Jaime

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