24.1.03

"RIPPIE-PUNK-RAJNEESH"

Acabo de chegar do Acampamento da Juventude. "A cidade das Cidades" dizem várias placas espalhadas pelo Parque da Harmonia (Porto Alegre, RS), que graças ao Fórum Social Mundial (FSM), está tranformado numa coisa muito louca. São milhares de barracas, com pessoas de todos os cantos do mundo, todos os tipos, todos os estilos e todas (quase todas) ideologias. Não tem muito como explicar sem ir lá pessoalmente e ver. Eu fiquei um tempão circulando por lá aleatoriamente, e fiquei também só olhando aquele povo montando barracas, indo de lá pra cá, tentando se comunicar num idioma meio universal (que inclui espanhol, português, inglês e muitos gestos), faixas, placas, mensages, camisas do Che Guevara, bandeiras de Cuba, imprensa, loucos, voluntários tentando organizar as coisas e policiais, muito policiais. Muitos a pé, muitos outros a cavalo, mas são muitos. Mas eles destoam do ambiente, do lugar.

Várias vezes olhando aquele acampamento meio improvisado, mas muito agradável, com sombra, harmonia, tranquilidade, várias rodinhas de violão E MUITA MACONHA, me lembrei do DVD "Woodstock" (que aliás recomendo, ótima compra). O filme na verdade é um misto de show e documentário que ficou muito bom, e nele aparece muita gente vivendo as loucuras da época, aqueles hippies dançando umas coisas esquisitas, drogas, música, gente pelada... Te digo que ali tem tem uns lance muito legal, bem parecido: tem umas partes que parece uma comunidade hippie, só com aqueles caras que são meio andarilhos e sobrevivem do artesanato. Muito legal. Fiquei um tempo observando tudo aquilo, tomando meu suco de uva (1$ suco gelado + 1$ caneca oficial do acampamento) e vi várias rodas de música (uma especial, com 3 violões), e gente dançando 100% no estilo do Hair (o filme, aliás, ótimo filme també, assista, alugue, compre, peça emprestado, pirateie, e a trilha sonora também, em CD). Ficavam lá, dançando, uns bem bêbados (cheirão de cachaça) e uma cena insólita, mas que pelo número de policiais não demoraria muito a acontecer: um magrão rastafári dançando um reggae que só ele tava ouvindo, e fumando um baseadão da grossura do meu dedão, andando tranquilamente no meio de todo mundo, de dia, na mesma estradinha que vem na direção contrária uma dupla de dois companheiros Brigadianos (policial militar, da brigada). Daí eu parei pra ver o que ia acontecer, eu queria MUITO ter uma câmera de vídeo naquela hora: uns punks (mas punk mesmo, que vive na rua) começam a cantar "marcha soldado, cabeça de papel..." enquanto os policiais passam, fingindo que não ouvem. E lá vem o rastaman, de pés descalços, fazendo a cabeça e ... e .... passa no MEIO dos 2 policiais soltando uma nuvem de fumaça que só caberia nuns 4 pulmões, bem quando está do lado dos caras. Sério! Os cavalos quase tossiram. Eu fiquei ali, assim: "tu vê, que coisa!". O magrão caminhou mais um pouco, agora com um sorrisão, chegou na roda onde tinha um monte de gente e começou a dançar com eles, totalmente psicodélico, viajando nuns movimentos de braços, pernas e cabeça... Hippies, com mulheres (bastante), criancinhas andando peladas pela grama, brincado e do outro lado da rua os punks mandando ver umas cachaças daquelas de garrafa de plástico, e lá no final da rua vem umas 8 gurias vestidas de punks, uma mais bonita que a outra. Olha a camisa! São argentinas, lindas punks argentinas. Do meu lado tem uns chilenos tentando dizer pra um voluntário que eles não tem barracas, mas não tem problema, se não rolar uma acomodação solidária em barraca alheia, vão dormir no chão mesmo...

E eu ali, saí cantando na minha cabeça:
"When the moon is in the seventh house..."

exalado dos Estranhos Links

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