Tudo começou no dia 13 de setembro de um ano qualquer numa favela onde nasci de mãe nordestina e largada do homem assim que soube que me fez. Quando eu tinha dois meses minha mãe conheceu um homem com quem casou e me assumiu como filho. Lembro-me que eles brigavam muito e sempre que isso acontecia eu era o alvo preferido dele, em quem descarregava sua raiva. Mas isso era coisa de homem ignorante, coitado, daqueles que resolvem tudo na porrada. Também rolava o lance do alcoolismo ao qual, às vezes, as pessoas se entregam para esquecer todos os problemas que têm, a falta de dinheiro, a falta de comida na mesa, tantos filhos para alimentar, sim porque minha mãe, como toda mulher pobre que não faz outra coisa senão ter filhos, tinha logo seis . Mas a gente vive e sobrevive e vai aprendendo tudo que a vida ensina. Educar didaticamente (?) era com o que menos se preocupava, pois crescer e trabalhar era o objetivo. E essa é a visão do pobre, os filhos crescem e começam a trabalhar para ajudar no sustento da casa. Minha mãe não sabe, mas ela sempre me ensinou tudo, à maneira dela, todos os conceitos de vida que eu tenho aprendi com ela através de palavras sábias que na época pareciam sem muita importância, mas construíram a base de toda a minha vida. Aos nove anos de idade eu me interessei por uma caixa de lápis de cor, bem completa; eu quis muito ter uma daquelas... pedi a minha mãe e ela disse muito calmamente que não tinha condições e eu teria que me contentar com uma básica de seis cores... foi tudo que ela pode me dar. Como qualquer criança eu queria porque queria pintar, desenhar, e a caixa de lápis de cor ficou na minha cabeça por muito tempo. Resolvi trabalhar para conseguir comprar a dita caixa. Fui pra feira ajudar as senhoras a carregar suas compras, fazendo carretos... logo logo comprei minha tão sonhada caixa de lápis de cor. Logo depois conheci um camarada que vendia galinha, o nome dele era Joaquim, e passei a trabalhar com ele vendendo galinhas, com as quais eu garantia o almoço e a canja da família. Acontecia que ...
...continua em De Nota Em Nota
24.1.03
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