Meu irmão não tem porra nenhuma a fazer além de me torrar os colhões.
Estava eu no quarto botando em prática meu novo método terapêutico.
– Quarenta e dois, quarenta e três, quarenta e quatro, quarenta e cinco...
– O que você tá fazendo, Pedro?
– Quarenta e oito, quarenta e nove... Lambendo maçaneta. Não tá vendo? Cinqüenta, cinqüenta e um, cinqüenta e dois, cinqüenta e três...
– Você? Fazendo flexões?
– Cinqüenta e seis, cinqüenta e sete... Não estou fazendo flexões, estou lambendo maçanetas. Já disse. Cinqüenta e oito, cinqüenta e nove...
– Pra quê você tá fazendo isso?
– Sessenta e três, sessenta e quatro, sessenta e cinco... Pra me acalmar. Sessenta e seis, sessenta e sete, sessenta e oito...
– Você é doente.
– Setenta. Setenta e um, setenta e dois, setenta e três...
– Noventa e nove, duzentos e quatorze, mil setecentos e oitenta e nove, três, vinte e dez...
– Setenta e oito... Se eu tiver que me levantar e te enfiar a porrada, não vou parar até que me sinta calmo. Acho bom calar a boca. Setenta e nove, oitenta.
– ...
*****
Depois eu estava na sala, brincando de fazer bolhas de sabão com as mãos, habilidade que eu pensava ter perdido.
– Caraleo! O que é isso?
– Um mafagafo. Nunca viu um?
– Uma bolha de sabão?
– Não. Uma bolha de catarro. Acabo de espirrar. Estou pensando em comê-la.
– Como você fez isso?
– Com as mãos.
– Ah, fala sério.
– É sério.
– Duvido.
– Então estoura e eu vou fazer outra.
– Como eu estouro?
– Cutuca ela, porra.
– ...
– Pronto. Agora se liga.
– CARALEO!!
– Viu?
– Porra, como você faz isso?
– Você acabou de ver, idiota.
– Você é um doente, Pedro.
– ...
– Seu desocupado.
– ...
– Me ensina?
estourado no Utopia Dilucular
17.2.03
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