7.2.03

Por mais que eu desvie os olhos, elas estão lá, disputando espaço comigo no meu reflexo. Só eu envelheço, elas não. Eu as ovulo a cada mês. São muitas, são milhares. E depois de mim outras as ovularão, porque sua história não tem fim. Estão aqui agora. Eu posso vê-las. Estão aqui a Medusa, a Mulher Barbada, a Bruaca, a Dona Gorda, a Mulher Tatuada, a Indisciplinada, a Vênus, a Faminta, a Histérica, a Vampira, a Bulímica, as Gêmeas Siamesas, a Mãe, a Esposa, a Filha, a Bruxa, a Sogra, a Anã, a Anoréxica, as Sufragistas, as Megeras, a Modelo, a Criada, a Desregrada, a Prostituta, a Mutilada, a Mulher-Gorila, a Cyborg, a Mutante e todas as outras de que não lembro os nomes, embaçando a minha imagem. Onde eu estou no meio delas? Em que parte de mim? Por um segundo me ocorre que a felicidade deve ser um espelho em menopausa. Eu só tenho que esperar.

uma prosa caotica

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