o rapto da menina dourada
um dia - e neste dia eu devia ter uns 5 anos, estava na sala de aula do jardim de infância ou coisa assim, e tinha uma professora substituindo a tia rosane ou coisa assim -, um homem abriu a porta da sala e botou a cara dele na fresta, chamando a professora. aí a professora, que falou um minuto e talvez uns segundos com ele, me chamou: ana paula, arruma tuas coisas que vieram te buscar. achei estranho. minha tia (que dava aula na mesma escola) viria me buscar. senão, meu pai ou minha mãe. e eles jamais iriam me buscar no meio da aula.
quando saí da sala olhei pro lado e vi um cara que nunca tinha visto mais gordo. pensei: "me danei! é agora que vão me roubar!". ele me disse, então, que meu pai tinha pedido que ele fosse me buscar. "tá pensando que eu sou o que? tu não é nem o tio maneca, nem o tio miguel e nenhum dos colegas de trabalho do pai! e de mais a mais, não é meu pai que me busca, portanto não mandaria nenhum colega fazer isso.", eu pensei. meu coração estava descendo e subindo pela minha garganta, e a professora dizia: "vai com ele, ele me disse que era amigo do teu pai!". sempre fui muito desconfiada e nunca esqueci do que minha mãe dizia sobre não aceitar nada de desconhecidos. não ia ser agora, né? "vem cá, como é que tu sabe que ele é amigo do meu pai? por acaso ele te deu alguma prova?", pensei. mas eu só disse que não ia porque não conhecia ele e que meu pai e minha mãe tinham me dito que nunca fosse com quem não conhecesse.
mas ela insistia, a cretina! até hoje eu fico pensando em que tipo de professora era aquela, afinal? e eu não ia, de jeito e maneira. até que, e dessa parte não me lembro com muitos detalhes, alguém disse quem era meu pai. não sei se eu falei que o nome dele era paulo ou se o cara falou o nome do cara que seria meu pai. só sei que eu disse algo como "viu, não é o meu pai!".
o cara deve ter achado a ana paula dele bem mais tarde, já que esse nome não era comum na minha série e nem nas primeiras séries. e acabou aí minha aventura. eu fiquei com isso entalado e nem cheguei a contar pra mãe. fiquei furiosa de pensar que, não fosse eu ser um monstrinho cheio de desconfianças com 5 anos de idade, eu poderia ter ido com o cara e o pai dessa ana paula perceber que a filha dele não era bem aquela, e eu, no caminho, perceber que o cara nem ia pra minha casa e nem ia pro trabalho do pai. mais furiosa ainda eu fiquei com a professora. eu estava sendo educada por uma pessoa que nem sabia os princípios básicos de segurança, que ia me largar com qualquer um por aí. que que é isso? mas eu era mais esperta e acabei mostrando pra ela que com uma ana paula de 5 anos não se discute. tá pensando o que?
Cenas de infâncias no OCinematógrapho
18.3.03
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