16.4.03

Não tente me entender, não enlouqueça. Cresça, o mais alto que puder, e de lá me acene. Não se ocupe tentando me impressionar, até porque, querendo ou não, só me impressiono com o que pressiona o botão - no hipotálamo. Escale paredes, finja-se de tonto, lamba o chão que eu piso e depois me surpreenda, cuspindo na minha cara uma cereja rubi. Não nasci ontem mas se eu morrer amanhã, irei contrariada, portanto, mantenha meu interesse ou parto no próximo ônibus com destino à Nova Ramada. Enrubesça às vezes, nunca em público e, de vez em quando, me puxe pelo braço e me crave os dentes. Encha minha boca de rosas e meu ventre de promessas, ou o contrário, a seu critério - que deve variar - pois enjôo fácil. Não mate um leão por dia, mate um bicho novo a cada entardecer e me ofereça num banquete. Me diga impropérios, palavrões e poemas - esses menos, para eu não me acostumar mal. Anoiteça em meus cabelos e perca suas mãos pelos meus vãos. Coragem. E antes e acima de qualquer coisa: nunca faça o que eu mando.

eu sei, eu sei, Não Discuto

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