Todos têm seus dias de ser louco ou sentimentalista. Estes são os meus.
- Você... perdeu a memória?
- É.
Quem perde a memória nem reticências tem pra usar: não sabia o que dizer. Afinal, nunca tinha visto aquela pessoa na vida. Decerto poderia até conhece-la, dalgum lugar, mas agora não tinha a menor das idéias donde.
- Sou casada com o senhor.
"Ai, meu Deus" - não se lembrava qual religião, se era expressão ou crença, se tinha um ou vários ou ainda se era ateu, mas era o único pensamento cabível no momento. Por um segundo e não mais do que isso, embora parecesse uma eternidade, imaginou as possibilidades:
"... e se eu amo, e se eu odeio, e se finjo? É por interesse, por chance, por outra, por mim? Tenho filhos? Gosto das crianças? Com sal ou sem nada? Que programa assistir no domingo?..."
E assumiu. Perdeu a memória e queria começar simplesmente do início. Começar do começo, como é certo. Não queria saber o que perderia: pediu a todos que nunca tentassem. E nunca lembrou.
Saiu ganhando.
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25.4.03
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