4.6.03

Superstição

Bom, dizem que existe essa superstição aí. Vi num filme uma vez que era uma crença dos índios norteamericanos. Mas depois li que umas tribos africanas é que acreditavam nisso. E uma vez me disseram que era coisa dos índios brasileiros. Ou seja, tem tudo para ser mentira e não existir superstição nenhuma. Porém, para efeito de verossimilhança, digamos que fosse uma crença dos navajos.

Pois então os navajos não permitiam que se tirasse fotos deles. Diziam que a imagem reproduzida roubava a alma do fotografado. Superstiçãozinha mais ridícula, eu sei. No entanto, tenho me sentido como um navajo ultimamente. Não que ande fugindo de fotografias, muito pelo contrário: seria trair o narcisismo que cultivei por tantos anos. Mas ontem tentei escrever alguma coisa para você (ou sobre você, sei lá) e desisti. Comecei várias vezes e em todas apaguei o que havia escrito.

Porque agora me parece que cada palavra que eu escrever roubará um pouco da alma do que sinto. Tenho medo de, escrevendo, dissolver um sentimento que surgiu de forma tão espontânea e explosiva.

Já escrevi demais. Tudo o que já senti ou pensei acabou mais cedo ou mais tarde sendo escrito. E para quê? Para que essa necessidade mórbida de guardar fotografias dos sentimentos?

Dessa vez não. Nada de escrever. Dessa vez vou viver, que deve ser melhor.

polaróide do Jesus, me chicoteia!

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