30.6.03

velhice

percebeu que estava ficando velho no momento exato em que viu o out-door que desenhara, com tanto capricho, nas cores erradas, todas pelo menos dois tons mais fortes e berrantes do que havia planejado. não, nesse momento percebeu que a gráfica tinha babado o trabalho. não, nesse momento percebeu que algo saíra errado, e só podia ser culpa da gráfica. foi até ela e reclamou, reclamou e reclamou, o cliente, surtando, ligava de dois em dois minutos, apavorado com a cores excessivas. num pedido de tempo, aí sim foi até a gráfica pedir explicações. um dos gráficos, na cozinha - a saber, local onde ficam os computadores - disse que nada haia de errado com as cores, talvez só com a pecinha atrás do mouse. ele, no caso, que estava perto de perceber que estava ficando velho. somando todos os fatores numa progressão simples, lembrou-se que as pessoas enxergam as cores em tons mais suaves conforme vão envelhecendo. conforme ele envelhecia, via os tons mais suaves, e errara tudo no out-door porque envelhecia aos poucos, como eu, tu, e o camundongo que devorou todo o pacote de club social que eu escondi debaixo da cama, e espero que ele morra de congestão. o que fez? largou a criação e migrou, sem rancores, pra literatura. escreveu um livro sobre como envelhecer com dignidade, deu entrevista no jô e comeu uma menininha que o confndiu com o carlos manga.

claro que o livro saiu em cores de tons berrantes, já que ele mesmo fizera o projeto gráfico, capa inclusive.

como assim dois uísque?

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