11.8.03

. Pai .

Pois é, meu pai tá doente.
Acordei com essa notícia na quinta-feira, Erismar, a moça que trabalha aqui em casa me disse:
- Anita, seu pai tá doente.
- De quê?
- Uma dor no ovo.
- ?
- Dor no ovo, chega tá andando de perna aberta.
- !
- Disse que ia lá na Casa Grande avisar que não ia vacinar o gado, que não tinha condições.
- Pois assim que ele chegar me ligue que venho pra levar ao médico.
- Tá.
E fui trabalhar. E trabalhei. E atendi todo mundo e nada de Erismar ligar.
- Alô, Erismar? Cadê papai?
- Voltou ainda não.
- Tá. Vou lá na Casa Grande.
Chegando lá vejo papai com uma pá na mão, juntando o milho recém-processado na forrageira (pra dar pro gado? e gado come milho? não é galinha que come milho? sei não, coisas de meu pai.).
- Pai, o senhor é doido, é? Solte essa pá, homem, vamos no médico.
- Não, isso não é nada não. Vá na frente pra casa, depois a gente conversa.
Cheguei em casa, ele chegou logo em seguida e se deitou.
- Pai, vamos no médico?
- Precisa não.
Bla-bla-bla-bla-bla (tudo conversa inútil, ele não foi.)
Vim pro quarto, ele me chama:
- Anita?
- Senhor?
- Olhe ali no calendário que dia cai a lua cheia esse mês.
- Tá. ... Dia 12.
- Hmm. Será que foi do ácido muriático que usei pra lavar não-sei-o-quê?
- Foi não, pai. Isso é uma infecção, precisa ir no médico.
- Precisa não.
Vim pro quarto, ele me chama de novo:
- Anita?
- Senhor?
- Cê num tem nenhum amigo seu que conheça feitiçaria não?
- Aaaaargh!
Hoje, me aparece com o aspecto ligeiramente melhorado:
- Fui na farmácia e a mocinha me passou um remédio lá.
- Pai, pulamordedeus... O senhor chegou no balcão da farmácia e disse que tava com dor no ovo, pai? E a abestada ainda lhe empurrou remédio, pai? Antibiótico, pai? E só seis comprimidos, meudeus! Que farmácia foi, diga aí.
- Eu vou ficar bom, cê vai ver.

* * * * * *

Isso era pra ser uma homenagem ao meu pai.
Dia dos pais, sabe?
Ficou parecido?

arroz de leite

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