28.8.03

Ok, eu admito. Eu tenho um problema. Quer dizer, um não. Vários... Mas um particularmente importante (pelo menos nessa semana): Eu gosto de apertar botões. Ainda não sei o maldito motivo desta compulsão, talvez seja apenas pelo desejo incontido de ver as coisas funcionando e, afinal de contas, é para colocar as coisas pra funcionar que servem os botões. Então, toda vez que eu me deparo com um maldito botão, um lado irracional do meu minúsculo e imbecil cérebro toma conta de mim e, em milésimos de segundos, meu dedo em riste parte em velocidade ultra-sônica, tal como ferro em imã, em rota de colisão com qualquer botão que encontre pela frente. É desnecessário dizer que isto é o terror dos motoristas de ônibus e dos atendentes de hotel com aquelas maravilhosas campainhas. O pessoal do prédio também não fica feliz quando eu chego, bêbado, as três da manhã. Também é desnecessário dizer que essa compulsão por apertar botões é um dos motivos pelos quais eu nunca vou poder trabalhar numa sala de controle de uma usina nuclear. O outro motivo é que eu não tenho formação acadêmica em Física Nuclear, mas isso, em Angra I, ninguém tem mesmo...

De qualquer forma, o maldito estava lá. Vermelho, imponente, se exibindo como um pavão no cio pra mim. As primeiras 37 vezes que eu passei por lá eu resisti. Focava meu pensamento em qualquer coisa que eu pudesse e que não tivesse a mínima relação com botões vermelhos. Até que ele resolveu apelar. Primeiro atacou a minha masculinidade. Toda vez que eu passava por lá, ele disparava: “Tu não é homem de me apertar, sua bichinha”. E eu resistia... Depois apelou para a chantagem emocional: “Olha como eu sou vermelhinho... Me aperta, só um pouquinho, vai...”. E eu resisti. Não por muito tempo. Tive pesadelos horríveis, onde milhares de botões vermelhos, de todas as formas me atacavam. Quando o sonho começou a partir pra conotação sexual associada à forma fálica daquele botão em especial, eu não resisti. Acordei gritando, corpo coberto de suor, pupilas dilatadas e dedo ereto. Meu subconsciente sabia o que tinha que ser feito e fez. Em segundos estava tudo acabado. O maldito botão vermelho tinha sido finalmente apertado. E eu pude dormir em paz.

Dias depois veio a constatação final das conseqüências imediatas que um ato irresponsável deste pode causar. Uma pessoa histérica reclamando que estava tudo molhado no congelador. Que o queijo tinha derretido e grudado no freezer. Que as coisas tinham estragado e que ela tinha que limpar tudo. Ora! Maldição!!! Como eu poderia saber que um maldito botão vermelho com “descongelamento rápido” escrito em volta ia fazer tudo isso!

Obsessões do >7 regras básicas

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