24.8.03

Vida Sexual

Nove meses antes de eu nascer, meus pais (sem saberem que seriam meus pais), tiveram a melhor noitada de festa do Hawaii de suas vidas. E a última.

Aos três anos, brincando nu na água, eu rio da minha prima por ela não ter algo que eu tenho.

Aos sete anos essa mesma prima ri de mim ao ver minha cara de assustado quando ela mexe no que eu me gabava por ter. E nunca mais me gabei.

Aos nove anos descubro um cartão postal com um seio à mostra. Foi o primeiro seio que olhei e vi o que antes não via.

Aos dez anos esse mesmo cartão postal me dá o primeiro orgasmo, antes mesmo de eu saber que a palavra “orgasmo” existia.

Aos quinze anos vejo o meu primeiro seio cara a cara. E gosto. Meses depois a primeira muher nua depois da minha prima. E assusto.

Aos dezessete anos sou finalmente realizado na cama.... por durante três segundos.

Aos vinte dois anos, pela primeira vez, faço amor.

Aos vinte cinco anos, fruto de todo esse amor e uma tabelinha errada, nasce minha filha.

Aos trinta anos, desiludido, tenho minha primeira relação fora do casamento. Mesmo culpado, repito.

Aos trinta e três anos realizo minha fantasia de transar com quatro mulheres ao mesmo tempo. Nenhuma delas era minha esposa.

Aos quarenta anos minha mulher me troca pelo dentista. Meses depois minha filha começa a namorar um drogado e perde a virgindade com ele. Me sinto um fracassado.

Aos quarenta e um anos volto a transar com quatro mulheres ao mesmo tempo, e por um segundo deixo de me sentir um fracassado pra me sentir o dono do mundo. Depois passa.

Aos quarenta e cinco anos já sou avô, moro sozinho e me masturbo tanto quanto os meus treze anos.

Aos cinqüenta anos volto a fazer amor, com uma mulher vinte e cinco anos mais nova, mas depois fico com dúvida se ela está comigo pelo amor ou pelo meu dinheiro.

Aos cinquenta e três anos chego empolgado em casa, depois de fechar um negócio da china no emprego e nove meses depois tenho meu primeiro flho, que é mais novo que meu neto.

Aos sessenta anos, me sinto velho, fracassado, mas não demonstro, mesmo depois da minha segunda esposa me trair com o chefe, me chamar de broxa, sair de casa e levar metade do meu apartamento.

Aos sessenta e quatro anos sou cliente assíduo de casas de massagem e prostíbulos de luxo, e fico me perguntando por quê não fiz isso antes.

Aos setenta e um anos, um câncer obriga-me a retirar a próstata e minha vida sexual acaba. Mas compro um filme pornô por semana na banca de jornais, e assisto no último volume. Sempre.

Aos setenta e três anos começo a escrever um blogui, minto minha idade e milhares de mulheres querem fazer sexo comigo. Sem próstata nem ereção, sou apelidado de velho tarado, passo a mão na bunda das enfermeiras e como último recurso cortam meu acesso a internet no asilo.

ejaculado por zazoeira

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