12.9.03

Atentado poético fraudulento

fiquei atentada. saí às 7 de uma noite morna. subi a rua da bahia. toda lampeira. fui até a praça da liberdade deixar uns livros. antes conversei com um porteiro. prédio iluminado, verde. falei umas coisas e subi munida. encontrei ana c e uma prima. e andamos.

primeiro deixei um fantini. ali, num banco de praça, uma branquinha de graça. soltei assim. e quando voltei, minutos depois, já estava sumido. alguém de sorte consumiu fantini ontem à noite, alcóolico. e fiquei feliz de agradar mesmo sem querer.

em seguida soltei um meu, num banco do lado oposto da praça. mais perto do palácio do governo. o primeiro, 'poesinha', relíquia. soltei como se solta um canário belga. livrei do cárcere do meu escritório empoeirado. foi-se. e alguém o me raptou rápido, levou meu livro, me leu, me comeu. tomara.

o terceiro foi um valério de oliveira, 'eu mínimo', pequeno. fiquei com medo de que o confundissem com uma caixa de fósforos. e é mesmo de acender pavios. soltei num banco no caminho. e alguém teve a sorte.

sempre que como um prato gostoso, deixo o melhor por último. e então decidi soltar as 'lascas' do círio germano ricardo schmitt carvalho no final do atentado. deixei ali, mas ana c estava tão flertando com ele, que quis presentear minha amiga. tinha motivos: além de amá-la dum jeito bom, a moça está indo morar em madri, então deixei 'lascas' no jardim. e por que não num banco da praça? porque ximite escreveu um livro gostoso. e então deixei ali, como morangos maduros. e ana c veio logo atrás e colheu, como uma montanhesa florida.

saímos da praça felizes com o sucesso do atentado. derrubamos as torres que desunem leituras e leitores. e fomos pro bar, meu habitat, tomar uma pepsi com gelo. e conversávamos sobre poesia e filhos, quando chegou susan joyce, minha amiga mais diversa e de pressão alta. depois uns amigos de ana c aportaram. e conversamos sobre pedras. joão cabral de melo neto teria adorado. e acho até que estava ali conosco, tomando rum.

e a noite acabou fácil. às duas da manhã. eu cheia de compromissos. e um amigo da ana c, o fedoso, disse um poema: 'você parece um ícone: a gente clica e abre uma janela'.

Estante de livros on-line

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