Como as coisas são
escrito em março, chega a ser hilário
Era tão baixo, como é que podia existir alguém tão baixo nesse mundo? Era do tipo que se jogava aos meus pés no meio da rua, e chorava, gritando para os meus amigos o quanto me amava, o quanto não conseguia viver sem mim, o quanto eu era indispensável, o quanto sua vida não tinha sentido antes de me conhecer. E fazia aquele drama, e se descabelava, e protagonizava as cenas mais escandalosas por ciúme.
E me deu a porra de livro chato, fazendo-me jurar que eu iria ler, e contou a história inteirinha. Me dedicou músicas, e tatuou meu nome no corpo. Me comprou cartões. Vasculhou meu passado. E me colocou num pedestal enorme. Disse que aquela porra de cidade nunca mais seria a mesma, depois que estive lá.
Aí eu virei as costas e...como era o meu nome mesmo?
A minha consciência que estava pesada, até flutuou, por ter ido num puteiro, por ter agarrado todos os teus conhecidos, por ter bebido horrores, e ter escrachado com o teu nome. Aliás, toda a culpa se foi. A culpa que eu tinha por ter amarrado teu nome na boca de um sapo. Por ter fingido dores, por ter escondido recalques, por sempre achar que tua mãe era uma vaca gorda e pobre, por ter apostado no nome de um cavalo igual ao teu, por te ligar todos os dias às quatro da manhã, e nunca ter dito uma palavra, por ter cuspido na tua foto, e desinfetado o teu cheiro das minhas roupas. E ter enganado você da forma mais cruel que existe: fingindo amor.
in your HEAD your REMEDY
13.9.03
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