9.9.03

Eu sou invisível.
Ando pela rua, pego um ou dois ônibus, esbarro e peço desculpas. Olham-me de cima a baixo, discretamente, furtiva e descaradamente, mas ninguém me vê.
O globo do olho não alcança o pensamento lúcido, e eu estou sozinha, sozinha, sozinha.
A minha historinha não é um conto de fadas, ninguém vai me salvar e eu não serei feliz pra sempre.
A impressão que tenho é que ninguém dá a mínima pra onde vai meu trem, ninguém quer sentar na minha janelinha, ninguém quer ir comigo pra um lugar melhor e livre.
Eu sou a segunda opção, eu sou o segundo plano, segunda de tudo e nunca a primeira. Preferia viver sendo o nada de todo o mundo do que sendo o nada de ninguém, e é o que eu sou.
Nada. Ninguém.
Nunca.

The real folk blues

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