8.9.03

Fragmentos sobre a paixão e a felicidade

Não, eu não sou taoísta, como o Gabriel me perguntou essa semana num email. Já fiz cinco anos de meditação budista, período em que estudei filosofia budista. Já fiz dois anos de yoga. Atualmente estudo filosofia, é verdade, mas a ocidental mesmo, com os autores clássicos. E de vez em quando participo de uma meditação hindu sen-sa-cio-nal, cheia de mantras belíssimos.

Tudo porque desde que me entendo por gente, já bem criancinha, olho para o mundo e me espanto. Carrego uma perplexidade com a vida, a existência, a humanidade, a mundanidade. E faço disso a minha maior paixão.

Mas a paixão que me move é pela vida. Não é pela felicidade - porque não acredito nessa idéia simples de que é possível ser feliz. Almejo algo bem mais básico - estar bem. Bem comigo mesma, com meu vizinho, com o cara da esquina, com os amigos, com a família, com o homem ao meu lado.

Trocar o ser pelo estar e trocar o bem pelo feliz são duas mudanças radicais.

Primeiro, porque apostar no estar significa renunciar a metas, objetivos, ideais, aspirações. Significa que o caminho é o próprio fim em si, é o tal do "caminhar que não leva a lugar nenhum" (não tem nada mais oriental do que isso...). E trocar o bem pelo feliz também faz uma enorme diferença.

Por que? Porque abre mão dessa idéia de êxtase. De algo acima da média. De algo arrebatadoramente bom, alcançável segundo determinadas condições. Estar bem é mais modesto, mais humano.

Para mim, o único êxtase possível é ser capaz de sair de mim. E por que porta? (antes que alguém dê a sugestão, esclareço que há muito abandonei a das drogras). Pela incosnciência, pela arte, pelo delírio que você puder alcançar com suas próprias mãos.

Basta estendê-las na direção do seu desejo.

elasporelas

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