O dia vai ao meio. Esqueci-me das palavras que acordaram comigo e não anotei. Era algo sobre uma xícara de chá, vazia, debruçada sobre um pires. Sem a poesia armada na mente descansada na calma madrugada, salvei imagens: uma xícara no pires, um zero e uma divisa, marco entre dois pontos. Era como me sentia. Aspirei a piscina, desinfetei-a, aparei algumas plantas ornamentais e o dia madurou. Enterrei a moleza na sesta de há pouco, os cães estão calmos, talvez pelo frio que sentimos. Na varanda, agasalhado, resta-me a visão de pálida natureza, o ruído do vento leve abanando as folhas dos coqueiros e os zumbidos de algumas vespas nas flores das tumbérgias. Mais além, a serra quase desaparecida, mergulhada na neblina. Tentei ler. O pensamento é dispersivo. Quando me dei conta, os dedos marcavam as páginas no livro fechado. Não tenho obrigações, nem fome, sede alguma, amigo nenhum, espero a noite chegar e talvez continuar me sentindo leve e solto como uma xícara largada sobre seu píres.
serviço de chá em Longos Dias Belas Noites
2.9.03
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