30.9.03

Sexta-feira em Lampiao City .

Ontem desenhei pessoas e árvore e casa na dotôra psicológica. A coitada disse que eu era inteligente, brigada, mas fiquei preocupada com o jeito que ela olhava minha casinha.

Depois fui encontrar com Dedé Soneca e Simone Yeltsin no Mezenga. Sim, existe uma lanchonete aqui em Lampião City cujo nome é Mezenga. Não é original? Um pouco mais à frente, em frente ao Colégio Diocesano, uma blitz com aqueles soldados de chapeuzinho vermelho. Porque esqueci de dizer que desde a chacina vivemos uma espécie de estado de sítio: 200 policiais na cidade pedindo para que as pessoas ousadas e destemidas que conversam sentadinhas na calçada - assim, àquela hora do jornal ou da novela - entrem em casa, helicópteros com potentes fachos de luz sobrevoando os quintais todas as noites, viaturas de todos os tipos, naipes e modelos, além de fuzis e coletes a prova de bala.

Pois ontem, enquanto tentávamos sentir um gostinho da vida normal e pacata que tínhamos antes, um carro veio se aproximando, primeiro em velocidade normal, depois devagarinho até que parou em frente da nossa mesa. O motorista olhou, olhou - a blitz - e candidamente deu ré no carro e voltou quase um quarteirão inteiro pra pegar pegar outra rua.
Os chapeuzinhos-vermelhos, atônitos, paralisados num primeiro momento, botaram atrás do meliante após longos três minutos. E ainda pegaram o cara errado. Por coincidência, o irmão de Dedé Soneca. E em frente à minha casa.

Me contaram, depois fiquei imaginando a cena: Dindin (na verdade Cândido), com os vidros do carro levantados, sem ouvir as insistentes ordens atenção, cidadão, pare o veículo, o pobre, parando o carro só depois que foi trancado pelas viaturas e um monte de chapeuzinhos-vermelhos pipocou em volta, com 428 armas apontando pro seu juízo.

Emocionante, senhoras e senhores.

Arroz-de-Leite, agora com cheiro de caju!

Nenhum comentário: