21.12.03

Querido Papai Noel,

Como vai o senhor? Tudo bem? Muito frio ai no Pólo Norte? Espero que não. Pois é, tem tempo que eu não escrevo para o senhor, né? Deixa eu ver se eu lembro... acho que a última vez que escrevi eu devia ter uns cinco ou seis anos. Desculpe-me Papai Noel, mas é que, o senhor sabe, a Valéria... Aquela minha amiguinha lá da rua. Foi ela que acabou com esse hábito. Foi ela sabe, que disse que era tudo mentira... Eu acreditei e sai correndo para perguntar pra minha mãe. Quando a minha mãe disse que ia ter uma "conversinha séria" comigo, logo percebi que a Valéria estava certa. Aliás Papai Noel, o senhor sabia que, sobre você, renas, trenó e até o subir e descer de chaminé, foi essa a primeira "conversinha séria" que a minha mãe teve comigo? Depois vieram tantas outras... Mas então, desde dessa época, não escrevo mais cartinhas para o senhor. Desde essa época, não vou mais ao correio colocá-las naquela caixa enorme de papelão vermelho que tinha escrito "Cartas para o Pólo Norte". Por isso que eu estou escrevendo essa cartinha hoje. É que eu estou arrependida. Devia ter mantido contato. Eu sei que o senhor é uma pessoa muito ocupada e que nem sempre pode respondê-las. Mas não importa. Também sei que naquele ano que pedi de presente uma boneca que falava igual à Emília (tinha que ser igualzinha à Emília, que falasse pelos cotovelos) o senhor não conseguiu atender meu pedido. Às vezes, a gente pede coisas impossíveis, né? Só depois foi que eu descobri. Acho que o senhor entendeu. Mas então Papai Noel, nesse ano eu fui boazinha. Fui mesmo. Olha só: fui às aulas todos os dias. Não respondi a professora (até levei uma maçã pra ela). Respeitei meus coleguinhas. Escovo sempre os dentes três vezes por dia. Ah, e uso fio dental. Também lavo sempre às mãos, antes de comer. Arrumo minha cama todos os dias pela manhã. Obedeci o papai e a mamãe, mesmo de longe. Ajudei aquele pessoal perdido no centro da cidade, achar o caminho. Deixei um chocolate na caixa de correio para o carteiro, no dia do carteiro. Tenho sido uma boa amiga de todo mundo, até mesmo da coleguinha da Alemanha que não perdoa uma. Tenho relevado algumas coisas e sempre desejo o melhor para os outros. E ah, acho que estou me saindo uma boa esposa-dona-de-casa-lerê, né? Então, ai eu queria pedir de presente de Natal uma coisa para o senhor. Aliás, acho que tenho sido uma boa pessoa mesmo, tanto que o presente de Natal não é nem pra mim. É pra ele. Sabe o que eu queria Papai Noel? Será que o senhor poderia trazer, embrulhado numa caixinha (não precisa ser bonitinha) um pouquinho de "organização"? Porque putz Papai Noel, é fogo aguentar cara emburrada e falação, de gente que não sabe onde coloca as próprias coisas. E ainda, depois de dar piti, revirar meio armário, sacudir meio mundo de roupa, tirar todas as malas lá de cima e botar todo mundo doido... quando a gente ajuda (eu não disse que eu era boazinha?), acha-se a coisa bem ali óh. No primeiro lugar que eu disse que estava, e que, segundo contou, já tinha procurado...

Um beijo.
E lembranças à Mamãe Noel.

PS. Há quanto tempo vocês estão casados?
Rapunzeeeeel... jogue suas tranças

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