13.1.04

Florianópolis foi assim:

Choveu. Digo, no primeiro, segunda e terceiro dias. Com aquele friozinho, sabe como é? Achamos que ia ser muito coisa de turista ir pra praia e ficar arrepiada que nem galinha. Deixa pra quando sair o sol, sem apelar.

E o quarto. Sim, achamos que fosse um pequeno apartamento, mas na verdade, era um quarto com cozinha e banheiro e sacada. E árvores fazendo sombra na sacada. Que ótimo, o quarto era fresco. E a cozinha. Uma geladeira toda pra nós! Das grandes mesmo, não daquelas pequeninas. E que você enche com as próprias coisas que quer e não com castanhas de caju e Sprite que você sabe que vai comer as castanhas e que elas vão custar 4 vezes o que custam no mercado e ter que tomar Sprite porque é o único refrigerante que tem e bem, serve ele mesmo afinal. Não, nada disso. Nossas próprias comidas.

E a cozinha, né? Todinha equipada, disse o dono lá da pousada. Todinha, realmente. Até forma de pizza. Até potinhos daqueles que a gente usa para fazer gelatina. Tudo lá. Tudo mesmo.

E o banheiro. Limpinho. Com chuveiro que esquenta quando você precisa e esfria quando mais quer. Delícia das delícias.

Daí, né, que a geladeira era estranha. Colocamos queijo, leite, mortadela, pão e frutas lá, mas como ela não gelava muito, acabei girando o trocinho lá do termostato e esperamos que tudo acabasse bem. Acabou foi com o leite talhado a mortadela estragada, a margarina mole e bem. A geladeira decidiu que em vez de gelar mais ia repetir ciclos de descongelamento sucessivo. Ótemo, ótemo. Até que Respectivo fez lá qualquer coisa e ela voltou a ser uma geladeira comum. Mas nós perdemos totalmente a confiança na bichinha e nunca mais. Só água.

E os utensílios da cozinha? Tudo velho e acabado e mal cheiroso. Sabe panela velha que você leva pra casa de praia porque só vai lá mesmo no fim do ano e muito bem? Desse jeito. E os talheres, aqueles com cabo de madeira, meudeus, eu me assustei só de pensar no tanto de bactérias ali contidas. Nojento. Aquela madeirinha que só de molhar fica meio mole. Sabe como é? E a gente elogiando a iniciativa de colocar sobre a pia uma bucha nova e um detergente de maçã.

A cama, ódeus, a cama. O colchão côncavo. Você se deita na beira e sai rolando até o meio da cama. Cansativa a luta para ficar no lugar em que quer durante a noite. Escolha o morrinho na beirada para ficar na parte em que o colchão ainda pode sustentar o peso de uma criança de doze anos ou o meio da cama, onde não vai precisar se esforçar para não rolar, mas onde o colchão tem 3 dedos de espessura.

E o banheiro, tão lindo e cheiroso e limpo. Tente ir ao mesmo banheiro uma semana depois, sem troca de roupa de cama, sem limpeza oferecida pela pousada e com as formigas gigantes andando do chão, próximo ao vaso, até o quarto, embaixo da cama. Medo, medo mortal. Gigantes, assim como do tamanho de uma falangeta.

Mas pelo menos não tinha baratas. Uau, sem baratas, é realmente um alívio. Até que eu vejo uma enorme mancha marrom se deslocando sobre a parede branca e Respectivo vai lá, corajosamente armado com uma sandália minha para esmagá-la, sem dó. É assim, pessoal, o mais forte vence o mais fraco. Mas ele erra e ela voa! É uma barata voadora. Ela não só foi alimentada com a mesma substância que fez com que as formigas assumissem aquele tamanho descomunal, mas ela também tem asas e sabe usá-las. Ela se esconde entre as minhas roupas, dobradas sobre a bancada que separa a cama da "cozinha equipada" e foge em seguida.

Melhor colocar as bolachas água sal dentro da geladeira traidora.

Enfim. Nos três primeiros dias com chuva, não há muito o que se fazer. Tentamos ver o Senhor dos Anéis do ÚNICO cinema aberto da cidade, no shopping, mas todas as pessoas dos estados do RS, PR, SP, RJ e SC, que estavam na ilha na mesma situação, aparentemente tiveram a mesma idéia. Foi impossível. Os outros cinemas entram em recesso de fim de ano. Veja bem. Um cinema. Fechado. Durante as férias num local turístico. Cof-cof. No further comments.

Sobrou uma visita ao Centro da cidade para comer o famoso pastel de camarão com recheio de 100g. A inacreditáveis 8 reais. Fala sério! 8 reais por um pastel? Vá lá. Era gostoso e. Bom. Depois, fomos à Casa da Alfândega e vimos artesanato da ilha. Choveu. Ficamos presos um instante. Saimos para andar e procurar um banheiro. Dizem que em todo o mundo os banheiros do Mac são limpos e confiáveis e lá fomos nós. Parou de chover. Fomos ao Museu Histórico. Não é lindo fazer passeios culturais. Seria. Se o museu não estivesse fechado numa terça-feira.

óbem. Mas depois houve sol e houve praia e passeios felizes e vimos a querida Mi e o querido Lípio que estavam por lá, amigos meus, e conseguimos conviver em relativa paz com a geladeira, as formigas e baratas gigantes, a sujeira (pouca, que tentávamos não ser muito sujantes) e decidimos comer fora todos os dias, exceção feita para a noite em que assamos um pizza Sadia. Depois que acabou o mata-mosquitos de tomada, descobrimos que ali também vivem pernilongos.

Ao menos não fazia calor no quarto. E tinha ventilador de teto para espantar mosquito. O que nos obrigava a dormir com coberta.

a menina do didentro

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