13.1.04

Um amigo constuma dizer que fulano é “bacana”, o ambiente é “bacana” e gente chic é muito “bacana”. Outra, diz que “ama” o namorado, “ama” doce-de-leite, “ama” o pôr-do-sol e “ama” tudo que, enfim, gosta, aprecia ou, coincidentemente, ama. Ambos, o “bacana” e a “amante”, com menos de trinta anos e educados em famílias educadas. Mas sofrem do mesmo mal contagiante de uma geração, que é a da perda dos adjetivos. A geração com menos de trinta não sabe adjetivar. Não sei a razão disto, mas o fato é que só existe o padrão do “tudo” ou “nada”. Sorvetes de creme são amados ou odiados. Não são cremosos, doces, saborosos, deliciosos ou supinpas. Apenas são amados. Gente interessante não é fina, sofisticada, perspicaz, educada, polida, elegante, boa, afetuosa, vivaz, ou simplesmente espirituosa. Se tiver algumas dessas qualidades, ou, não as tendo, for simplesmente rica, é apenas “bacana”. Há uma supressão de valores intermediários, que são jogados no arcobouço do “in” ou “out”, em perfeita harmonia com o que é nossa sociedade brasileira. Ou você está dentro, ou, amigo, você está no limbo social. A toda uma geração, mais do que adjetivos, falta é criatividade. Não é uma geração tão bacana quanto pensa ser.

amarar

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