Calmaria
Marina partiu de casa na madrugada que mal luzia à procura de Dorival, que ela perdera há anos.
Ruas conhecidas, bairros inusitados; prédios, casas, quiosques. Meses. Anos.
Dorival, percebendo que Marina se desmanchara nos dias a fio, saiu à procura da memória de seu rosto e perfume.
Hospitais, asilos, delegacias, meses, anos.
Dorival sem força e o banco da praça num breve intervalo quase silencioso.
Marina sem esperança e o banco da praça num intervalo silencioso quase breve.
Só aquele momento de sobremesa vazia.
Só aquela luz intensa do meio-dia cegando as sombras.
Dorival olha Marina, que lhe retribui o olhar de farta estranheza.
A praça está florida nessa época do ano, mas as estações não são eternas, e o dia continua sua caminhada fantasma.
Marina e Dorival sabem desse tempo hirto e continuam, assombrados, a busca pelo outro.
As flores não se movem, não há vento.
Entre Outras Mil
5.3.04
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