30.3.04

Lembro de quando eu era criança.
As Páscoas da minha infância sempre foram muito agitadas. Família inteira reunida, troca de presentes...
A Páscoa não adquiria nenhum sentido bíblico/católico. Era (e ainda é) um mero feriado sustentado pelas indústrias de chocolates.
Então, numa Páscoa entre o final dos anos oitenta e o início dos anos noventa, descobri a verdade cruel: o coelhinho da Páscoa não existe.
"O coelhinho não existe, mas o Papai Noel, claro, existe!" - era a verdade que insistíamos em sustentar. E tratávamos o assunto como segredo de estado. Passei a me sentir fazendo parte da elite da família por saber desse segredo. Os primos mais novos não sabiam, e sequer desconfiavam dessa trama maligna. Mas eu não! Era praticamente uma adulta e me sentia guardiã de um segredo sagrado.
Mas, enfim, nunca fui muito tolerante e frequentemente me irritava com meus primos mais novos. Não tinha o costume de bater em ninguém (ainda mais porque sempre fui banana e acabaria apanhando) mas passei a me vingar deles de uma forma cruel. Sem dó nem piedade.
"Você sabia que o coelhinho da Páscoa não existe?" era o que bastava para eu me sentir vingada, ainda mais quando saíam chorando. Destruí muitas infâncias. Como eu adorava aquilo!

Admirável Blog Novo

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