19.3.04

Oficina de loucos 

O que você diria de uma pessoa que, com quase 30 anos nas costas, fica trancado um dia inteiro dentro do próprio apartamento porque a mãe saiu e não deixou a chave?
E se uma pessoa fica trancada pra fora de casa, das 14 às 23 horas porque sua mãe e irmã saíram e não deixaram a chave de casa?
O que acharia de um vizinho que bate na sua porta às 22 horas pra pedir a geladeira emprestada porque sua mãe muito lúcida (definição própria) quebrou a porta da geladeira e resolveu doá-la para catadores de lixo, impossibilitando gelar as cervejas?
E se isso tudo fosse a descrição de uma pessoa só? Pois esse é o meu vizinho. Vermelho de cabelo, rosado de pele e totalmente cara-de-pau.
Pediu nossa geladeira emprestada, dissertou sobre os problemas psicológicos de sua mãe, pegou gelo, falou sobre sua infância traumática, sobre as oportunidades perdidas, as faculdades não terminadas, a antiga namorada que lhe causou um prejuízo financeiro enorme (que inclusive foi o responsável por fazê-lo voltar a morar com a mãe). Tudo isso em suas três últimas visitas num curto espaço de tempo de menos de vinte minutos.

Até então a impressão que ele me passava era a de uma pessoa fraca da cabeça que, apesar da idade, não tem a chave de casa. Agora além disso, percebo que ele tem sérios problemas, que, quem sabe, anos de terapia poderiam amenizar.
"É... a minha vida é muito difícil" foi sua frase de despedida.
Pena que ele vai se mudar em breve. Com certeza renderia textos interessantes sobre o universo psicológico de uma alma perturbada.

Admirável Blog Novo

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