13.4.04

Potocas

Fisioterapia. Moça simpática a fisioterapeuta, meiguinha, aprendi tudim, Alexandre atento, aprendeu também.

Carrefour. Estranhamente vazio. Os pneus do carro preto tão muito caros, vamos comprar com o Toninho mesmo. Bobaginhas, colheres de pau, anteninha pra TV que Maliu usará enquanto estiver aqui (ela resolveu que não vai morar aqui, só se recuperar depois da cirurgia), creme de leite, torradinhas, biscoito, miojinho, alho frito, cebolinha, queijecos, um par de tênis pra mim, ordens do ortopedista, eu tenho que usar tênis. Não torça seu aristocrático nariz, eu compro tênis no Carrefour sim. Tinta pra cabela sem amônia, cação, mandioquinha, carne moída, água de côco, suco de maracujá, meus cigarros, .

Depois, a loja da Fachga, tentação, eles já faziam chocolate com pimenta antes da novela, mas a vendedora disse que nunca venderam tanto, claro. Ganhei uma caixa de pimentinhas doces, e também uma caixa de ovinhos de marximélou (ganhei 10 essa semana, mas cabaram, sá cumé), compramos um ovo bem fofo pro Bernardo e um cartão "Você é nosso coehinho".

Depois, a famosa loja da Coreana, despertador de 4 reaus, abajour de onze reaus, porta-retrato de gatinho de oito reaus.

Café no boteco com empadinha, marido que frequenta boteco com vc, bebe o café beijando sua mão, conta piada de freira, ri enquanto vc faz graça bebendo água de canudinho, isso não tem preço.

Depois Kalunga, teclado novo, donde lhes escrevo, o teclado velho eu botei no tanque pra lavar e estraguei. Sim, eu lavei um teclado com escova dura e Omo Citrus, eu sou uma debilóide. Adesivos fofos, nem sei o que farei com eles, um máuse novo, ainda bem que o Alexandre tava lá, eu não devo entrar na Kalunga sem a supervisão dum adulto, eu enlouqueço.


De volta, macarrãozinho instantâneo, cueca-cuela, guardar compras, pendurar umas fotas, telefonemas, beijocas do Alexandre que ri me vendo comer chocolate e me chama de fumiga, arremate duma tradução chata pra cacete - amanhã começo uma nova, prum moço chamado Pedro Capeto, que deve tar achando que eu morri e levei o livro dele comigo pra tumba - fofura de gatos, gemer por causa do pé (sim, Claudinho, Petita, eu abusei), chorar com o blog da Ella, ouvir o Alexandre dormindo, pipoca de microônibus e uma saudade imensa, imensa, da aurora-da-minha vida-que-os-anos-não-trazem-mais. Era a época que minha avó mais parecia feliz, não sei se era a que ela mais gostava, mas ela parecia sempre estar se divertindo na páscoa, e nos fazia ovos lindos, recheados com bombons tb feitos por ela (os meus eram de menta), ovos que depois ela embalava com papel alumínio colorido e tule, e ela assava pernas de cordeiro, ria muito, falava do passado, cantava cançonetas napolitanas, preparava bacalhoadas, e lazanhas e nos beijava. A velha não era de beijos, nem no Natal, mas minha teoria é que na páscoa, mais que no final do ano, a menina pobre, carente e sem mãe, que foi trabalhar de empregada doméstica antes mesmo de virar mocinha, se soltava, se divertia, se espantava com sua prosperidade, com a família que havia constrído, com as possibilidades da vida. Nós achávamos tudo muito simples, mas para ela era um passo gigantesco, uma ascensão incrível, casa própria, uma brasília na garagem, filho estudando agronomia em faculdade paga, filha psicóloga casada com médico, todos saudáveis, todos juntos, e ah, vovó, todos felizes, nós éramos tão felizes. Ou pensávamos que éramos, o que dá no mesmo. Enfim, são os únicos dias do ano nos quais lamento profundamente não ter uma filhinha, que procure os ovinhos do coelho, que se espante com as pegadas e com o ninho dele, que use orelhinhas de feltro e durma no meu colo com o rosto lambuzado .

Vida é o que acontece enquanto vc faz outros planos
Ben Bagley

Potocas do Drops da Fal,
Ticcia voltando do além

Nenhum comentário: