23.8.04

Hoje me perdi em reflexões sobre a paixão. Procurei no dicionário seu significado. Conversei sobre o assunto. Bobagem!! Percebi que o que comecei a perseguir hoje foi uma paixão. Daí me veio a pergunta: pra que me apaixonar novamente? A resposta veio em uma conversa casual de academia com esse cara sempre tão rico de assuntos: simplesmente, porque é bom. Não posso ter a leviandade de julgar, aliás, subjugar meu futuro a essa triste experiência última. Mas, embora frustrada e unilateral, foi uma grande paixão. Me fez feliz por um tempo. Sinto ainda uma raiva imensa pelas mentiras que vieram macular a brancura dessa estória, mas ao mesmo tempo respiro bem fundo e aliviado por não ter sido por minha causa. Eu vivi. Mas agora quero uma paixão inteira, com uma pessoa inteira, pra ser vivida inteira. Quero reciprocidade até nos sorrisos. Quero olhares que segurem os meus. Quero apaixonar-me-te! E vou, pelo simples fato de que quero. Vou encontrar, pois apaixonado já sou. Essa pra mim não é condição transitória, estado. Pra mim é-se. Compadeço-me sinceramente daqueles que não nasceram assim. Daqueles que crêem, ou se enganam na crença de que paixão é circunstância transitória. Digo que não. Ou nasce-se apaixonado, em uma busca lancinante pelo objeto dessa paixão, ou simplesmente acostuma-se a viver sem o privilégio desse dom que é concedido aos poucos sensíveis que sabem degustá-lo. O problema desses deficientes é acreditar que eles também podem. Digo: entreguem-se aos prazeres da carnalidade pois isso é tudo que obterão de uma vida compartilhada e deixem os apaixonados livres para encontrarem outros iguais e terem seus finais felizes. Não que o encontro seja condição sine qua non para felicidade. Quem sendo apaixonado pode ser infeliz? Mas deixem que a felicidade some-se à outra. Quero encontrar sim, agora mesmo, alguém para destinar minha paixão, que é tão sincera e tão íntegra. Quero também ser objeto de paixão. Como uma coisa tão assustadora pode ser ao mesmo tempo tão boa? Jamais combina com lógica ou qualquer racionalidade, se qualquer desses coisas consegue dobrá-la é porque não era forte o suficiente. Quero que seja forte, fortíssima.

Henry Wotton

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