23.10.04

Princesa

Não era a mais bela, nem a mais carinhosa. Tinha um olhar terrível, assustador. Gostava de ficar só, assitia tudo de longe, nunca demosntrou fraqueza, nem dor. Era pequenina, uma verdadeira bola. Mesmo assim não miou, não gemeu uma vez sequer quando seus 6 filhotes vieram.

Não é brincadeira, nem exagero. Eu vi 5 deles nascerem e ela continuava firme como sempre. Os dias se passaram e ela parecia a mesma, sem se importar com seus filhotes. (que infelizmente agora são 5) Era só impressão, se você chegasse perto deles, ela surgia com um tiro para protegê-los.

Ela nunca foi de comer, mas com deveres a cumprir a fome sempre aparece. Preparei um belo prato e levei até seu ninho. Os garotinhos estavam lá, dormindo um em cima do outro; ela deveria estar lá na frente de casa tomando um ar puro. Ela adorava fazer isso, ficar em frente de casa bem quieta no lugar mais escuro possível sem mover uma pata sequer.

Quando abri a porta ela não veio ao meu encontro como o de costume. Chamei-a mas não foi preciso repetir o chamado. Eu a vi no meio da rua, deitada. Olhei o suficiente para saber que era um gato, mas você sente quando acontece. Chamei meus pais e eles confirmaram.

Mal pude imaginar que a dor maior viria somente depois: 5 gatinhos de apenas 7 dias miando desesperados atrás da mãe. Quando você se aproxima deles, eles miam para chamar a mãe e esta os protegê-los. Se ela não aparece, eles miam cada vez mais e seus coraçõezinhos batem cada vez mais rápido de medo.

Talvez eles não sobrevivam, disse a veterinária. Tentamos dar mamadeira para eles. No começo eles recusaram, cuspiam tudo, engasgavam. Depois acabaram aceitando, uns mais facilmente que os outros. É indescritível a sensação de vê-los mamar. É algo muito forte e bonito. Você, ao segurar a mamadeira, sente a força de suas sugadas. Sente que eles estão bem, seguros por estarem em seus braços.

Um Ponto Oito

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