19.3.05

Moacir

Estava tomando café na Fnac quando o telefone tocou. Número desconhecido. Atendi.
— Alô?
— Alô, Moacir?
Muito bem. A maior parte das pessoas diria que, a não ser que você se chame Moacir, a resposta correta deve ser:
— Não, acho que você se enganou.
Então a outra pessoa diz "Ah, desculpe", ou "Que cabeça, a minha!". Você responde "Não foi nada", ambos desligam e pronto.
Pessoas que pensam assim não sabem se divertir. Eu, por exemplo, a despeito de me chamar Marco Aurélio, respondi sem hesitar:
— É ele.
— Ô, rapaz! Você vem pra cá?
— Peraí. Quem tá falando?
— O Eduardo, Moacir.
— Ô, Edu! Que bom que você ligou, já ia ligar pra você.
— Pois então, você vem pro clube?
— Ah, Edu, não sei. Essa chuva...
— Deixa disso, rapaz! A moça tá aqui, já tá tudo acertado.
— Hum. Tudo acertado?
— Tudo, tudo!
— Tem certeza, Edu? Cê cuidou do negócio todo e tal?
— Opa, claro!
— Tá bom. Então tô indo, me espera aí.
— Ok. Tô aqui na frente da Blockbuster. Você demora?
— Acho que levo uns quarenta minutos, tá um trânsito danado.
— Ah, tudo bem. Tô te esperando.
— Mas tá com a moça, né?
— Tô sim.
— Vê lá, hein Edu?
— Ô, Moacir, eu alguma vez já te deixei na mão?
— Hehehe. Espera aí, tô saindo agora mesmo.
— Tá legal. Até mais.
— Até. Abraço, Edu.
Imagino que deixei um Edu e uma moça esperando debaixo de chuva, enquanto um Moacir em algum lugar da cidade esperava por uma ligação a respeito da moça.
A vida pode ser divertida, às vezes.

Jesus, me chicoteia!

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