1.11.05

Estação Paraíso.

Hoje, no metrô, um cara muito alinhado, pelos seus quarenta, que lia “As Minas do Rei Salomão”, serviu de modelo para uma menina de saia e camiseta pretas e meião três-quartos , que traçou os botões todos do paletó, num bloquinho, a caneta preta.

O cara percebeu o desenho, e fez uma certa pose com os ombros – o que os fez parecer desproporcionalmente largos no desenho, já que ele não era muito alto. A menina não tentou disfarçar, embora a sua franja escondesse os olhos (ligeiramente estrábicos, quando apareciam). Guardou o bloquinho e desceu no Paraíso, antes dele.

Mas ele conseguiu perceber, na parte de dentro do braço direito dela, a tatuagem de uma escada – como se ela esperasse alguém que subisse ali, para fazer-lhe cosquinhas. Chegou feliz, em casa.

Diacrônico

Nenhum comentário: