12.4.06

Eu já lhes contei sobre minha tia que é psiquiatra?

Hoje, pela tarde, ela veio visitar mamãe. Passado certo tempo, apareceu no meu quarto,fechou a porta e disse:
- Sua mãe está preocupada com você. Quer conversar?
- Huh..não.
- Quer desabafar?
- Nous.
- Aiai. Você tem feito alguma coisa pra aliviar todo esse estresse?
- Minha diversão social está restrita a um comprimido de Dramim por noite.
Ela me observou com seus grandes olhos azuis(ahn, mmmmaldição que eu não puxei esse lado da família!)e fixou o olhar no único móvel que sobrou do meu quarto.(devido à doença de minha mãe, a mudança está paralisada e eu estou vivendo num estado de semi-acampamento.)
Antes que eu pudesse impedir, ela abriu a gaveta, pegou os comprimidos e jogou pela janela do apartamento.
- Mas.. mas.. isso nem vicia!E agora, como é que fica minha insônia!?!?!
- Isso vai acabar com teu fígado, isso sim. Se quiser um anti-depressivo que preste, toma este aqui, eu tenho uma caixa na bolsa.
- Ah tia, valeu.
- Querida, você nem imagina a merda que me foi esse último mês.
- Opa, quer desafabar? Uma hora é cem reau.
- Cem reais é o preço desse remédio que eu te dei, ingrata!No começo desse mês, eu estava voltando do manicômio às onze horas da noite(esqueci de lhes acrescentar, ela trabalha num manicômio judiciário)e você sabe que eu só ando acima de 100 km/h nessas ruas de noite. Pois bem, quando eu entrei numa avenida, um bêbado de bicicleta cortou a rua na contramão, sapecou no pára-brisa, deu uma cambalhota por cima do capô e caiu estatelado a uns cinco metros do calçamento.
- Amassou o carro?
- Amassou foi o homem todo! Eu desci do carro desesperada, deu um chute nele de leve pra ver se ele acordava, tentei sentir o pulso, e nada! Foi aí que um senhor que estava do outro lado da rua apareceu pra falar comigo!
- Para ajudar?
- Ah, se sesse! Ele veio logo me chamando de assassina, que viu tudo, que eu atropelei de propósito, um horror!
- E aí?
- E aí eu mandei ir se f(piiiii), que fosse pra p(piiii) que o pariu, chamei ele de c(pii)zão, peguei o bêbado, arrastei até o meu carro, soquei no porta-malas e sumi dali.(a tempo, essa tia pesa mais de 100kg e dá porrada até no filho mais velho que tem 1,80m)
- Jogou o corpo no mar?
- Até pensei,mas eu telefonei pro teu tio(que também é médico e estava dando plantão num hospital )e disse que estava levando o bêbado atropelado para lá.
- Aposto que você pensou que, se ele morresse, seria mais fácil colocar como indigente, né.
- Justamente! Quando cheguei lá, comecei a chorar e disse ao seu tio que tinha matado o homem! Foi aí que aconteceu a coisa mais absurda da minha vida: enquanto eu gritava, o bêbado acordou, sentou-se na maca e ficou nos observando discutir. Quando eu falei "ele morreu!", o bêbado respondeu "Morri não, só tava dormindo. Dona, você acabou com a minha bicicleta."
- ...?É boa!
- Daí a gente batou raio-x da cabeça ao pé daquela criatura, eu o hospitalizei, paguei tudo que era medicamento e ele ficou bom em uma semana. Para não haver problema, dei outra bicicleta de presente pra ele.
- Ah, então terminou tudo bem.
- QUE NADA! Ontem mesmo, eu estava dirigindo o mesmo carro, no mesmo horário e na mesma rua e pá, atropelei um ciclista que vinha na contramão! Quando desci pra olhar, adivinha QUEM era?
- Não acredito.
- Eu fiquei com tanto ódio que comecei a chutar o infeliz e a dizer "vai, te mete logo embaixo da roda do meu carro, eu termino o serviço aqui mesmo!", mas o mesmo feladap(piii) que apareceu pra defender o bêbado da primeira vez apareceu DE NOVO e o bêbado conseguiu fugir de mim.
- Tia, acho que você está precisando desse medicamento mais do que eu.

(Definitivamente, eu amo minha família.)

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