22.4.06

Sombras

Há um despropósito tão grande em todas as coisas. E Mário disse, "é engraçadíssimo." Tudo em um cômico profundo. E essa gente toda se levando tão a sério, e discutindo Proust e versos tocantes de poetas brasileiros menores, e vendo força e beleza em uma palavra, singela palavra, isolada palavra. Agonia. Gritos. Oras! Despropósitos tão grandes. Música tocando como se não tocasse. Indiferenças. Desfalar de um que tentou compreender coisas demais muito mais do que deveria ou poderia. Quem está mais certo? Por que se importar. O passado aconteceu e estará acontecido também amanhã, e um pouquinho mais ainda daqui um ano. O passado desvirtua tudo. Somos sombras, sempre sombras, e sombras buscam a luz porque na escuridão elas deixam de existir. Sombras rastejam. Generalizações e outros erros rebaixando o futuro a um mundo de sombras, cada vez mais porque as pessoas desacreditam nos efeitos do tempo e as pessoas se esquecem que o presente não é nada demais senão o que está para se fazer passado, e o passado um monstro gigantesco com uma boca enorme a devorar tudo que encontra pela frente.

Forsit

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