13.6.06

A GAIOLA E AS FLORES

Recebi de presente no Dia dos Namorados uma gaiola. Sim, demorei um véu de papel para desvendar o que havia dentro do pacote triangular. Minha surpresa não foi pouca. A Ana me olhava com expectativa. Levei um susto de boca. Depois um susto de olhos. Em seguida, um susto de cabelos. Uma gaiola vazia, branca, como hélice de moinho. Uma gaiola como um engradado de ostras. Uma gaiola como um chapéu na mesa, posando de natureza-morta. Agradeci com os cílios abanando e já desandei a deduzir o que significaria. "Será que é uma indireta para ficar mais em casa?" "Ela quer me deixar preso?" "Sou o pássaro que não enxergo?" "São para minhas leituras avoadas?" Tantas alternativas que não fechei conclusão nenhuma. A Ana, não sei se disse, é adepta da alucinação mais do que do sonho. Pois a alucinação acontece quando estamos acordados.
(…)

.:. Fabricio Carpinejar .:.

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