5.6.06

O Homem que disse Venâncio

Um dos motivos por que fico revisando textos no Franz Café, é para poder ouvir a conversa dos outros. Nesse dia a conversa da mesa ao lado se dava entre um ator experiente e a jovem atriz. Ele beirava os 125. Ela tinha cem anos a menos. O velho era todo cheio das verdades. Começou a falar sobre sensibilidade, coisa de artista.

Voltei ao texto. Estava procurando a parte onde tinha parado. A frase era:

"O nome dela pode ser Laís Venâncio". E nesse instante o velho disse:

- Meu vizinho, o Venâncio, por exemplo.

No exato instante em que eu li "Venâncio" - no meu texto - , o velho falou "Venâncio"!

Larguei o texto e olhei pra cara do velho. Algo aconteceria. Era um sinal. As pessoas começariam a cantar, o velho se transformaria num espírito, alguém me entregaria um envelope lacrado, alguma coisa. Passei o resto do dia esperando alguma coisa.

Estava há dois quarteirões de casa quando um carro passou por uma poça d'água e me encharcou. Do outro lado da rua, Nora, a costureira espanhola, gritou meu nome.

Finalzinho mixuruca...

começou o Diario da Odalisca

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