2.7.06

Instantâneo

Ele descansa sua cabeça no colo dela. Enquanto os dedos suaves que ele conhece de longa data deslizam por seus cabelos, tenta pensar em como introduzir seu assunto, que não é outro senão o rompimento. Mas não consegue raciocionar, a sua mente parece prestar uma atenção obsessiva no barulho da água que corre tranqüila e melíflua a uns dez metros dali. Decerto foge do que precisa ser feito. Ele sabe disso, mas não consegue ganhar a briga. Então é isso, vai deixando a cabeça ali, identificando pensamentos periféricos sobre ser aquela leve pressão nas têmporas sentida pela última vez, volta ao barulho do riacho, os lábios sempre fechados. E ele sofre nas bordas do momento em que quem vai sofrer é ela.

é por aqui que vai pra lá?

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