17.7.06

A Tirania das Bananas

De todos os objetos e pessoas que povoam minha vida, a banana é dos poucos que consegue cercear minha liberdade e impor sua vontade a mim.

Gosto de fazer tudo na hora que eu quero, do jeito que eu quero. Bem coisa de artista excêntrico. Na época em que eu tinha TV, por exemplo, programava o vídeo e deixava tudo gravando. Não vou ser obrigado a ver o programa na hora que a emissora quer: vou ver quando eu quiser.

Mas a janela de oportunidade da banana é muito pequena. Ontem, estava verde e incomível. Amanhã, estará podre e incomível. Ela exige ser consumida naquele dia específico: não importa o que você cozinhou, quem está recebendo, o que tinha planejado, se foi convidado pra almoçar. Tem que ser hoje ou nunca.

(…)

Compro muitas frutas. Maçãs, pêras, ameixas, uvas, abacaxi, grapefruits, goiabas. Todas elas sabem se comportar. Nenhuma tenta dominar minha vida ou meus horários. Sabem seu lugar. As maçãs e pêras ficam na geladeira indefinidamente. Não me pedem nada. Se eu ficar uma semana sem tesão por maçã, elas continuam lá, me esperando submissamente, e estarão deliciosas na outra semana também.

Só a banana me tiraniza.

Liberal, Libertário, Libertino

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