Onde está David Hussein?
Indo de Jaguariúna em direção ao sul de Minas, ou rumo a Ribeirão Preto e Franca, o motorista vai topar com várias praças de pedágio. Apesar do asfalto conservado, da sinalização impecável e de todos os serviços disponíveis ao usuário, a viagem meio que empaca.Ou é decepada pela cancela que se ergue ao comando da mocinha do guichê – depois de efetuado o pagamento, é claro. Uma guilhotina que corta para o alto.
A “Rodovias” ( concessionária desse trecho) poderia poupar as mocinhas dos guichês do constrangimento de nos desejar "boa viagem".Tenho pena das mocinhas dos guichês,ânsias de vômito e tesão - nessa ordem.
Todavia não me interessa,aqui, discutir tarifas & serviços. Quero elogiar a iniciativa da "Rodovias" de imprimir, junto ao recibo de pedágio, fotos, nomes e idades de crianças e adolescentes desaparecidos.Uma idéia magnífica.
Fazia muito tempo que eu não pegava uma estrada (dirigindo) ... e imagino que outras praças de pedágio devam ter adotado o mesmo sistema da “Rodovias”. Isso, de certa forma e apesar das altas tarifas,é reconfortante para aqueles que,como eu, tiveram seus parentes desaparecidos.
Faz três anos que perdi minha filhinha.
O curioso é que, somente na semana passada, me inteirei (ou dei o devido crédito) a este sistema de buscas.Eu mesmo, há três anos (quando perdi Sicília) me encontrava em situação semelhante. Quase desaparecido. A diferença é que eu ligava para casa duas vezes por ano, no aniversário de minha mãe e no aniversário da garota, dez dias depois. À época – confesso, com muito pesar - não acompanhei as buscas e também não me interessei em procurar ninguém, mesmo porque eu mesmo não sabia onde me encontrava.
Lembro vagamente de clínicas psiquiátricas, engradados de cerveja abandonados e ratazanas castanhas ... e até me recordo que vivi alguns meses na companhia de Hare Krishnas,o lugar ... se não me engano... era a praia do Santinho-SC,1998.
O que vale é que junto ao recibo do pedágio me deram uma foto de David Hussein ali de Lucena: desaparecido em 2001. Dois anos depois de Sicília, que semana passada completaria 4 anos?
Nem as datas nem a idade atual do garoto coincidem com os dados confusos que fervem em minha memória... mas tenho quase certeza que topei com este David no réveillon de 1998 para 1999, lá na praia do Santinho.Foi o meu Réveillon com Krishna.
O garoto era um devoto (aprendiz) que não se atrevia a olhar nos olhos de Kesava, chefão dos hare hare. Lembro que ele dançava ao redor de uma fogueira, repartia melancias com os demais e, meio que abobado, rezava para as estrelas e discos voadores. Isso, confesso,me incomodava/incomoda um bocado.
Acho que é melhor não descrever a noite de primeiro de janeiro de 1999... quando curraram o garoto... também não quero falar em defumadores,incensos e vidas passadas.
(cont)
Mirisola heroi devolvido
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